Senhor Presidente, senhor Primeiro-Ministro, senhores Deputados
Senhor Primeiro-Ministro,
não há explicações possíveis que possa dar relativas aos casos que o envolvem que justifiquem o injustificável e a única coisa que deveria ter feito seria demitir-se.
Mas não, o que faz é tentar iludir a incompatibilidade entre os seus interesses particulares e as funções públicas que desempenha e levar o País para eleições, para tentar sacudir as suas responsabilidades.
Não admite o erro e, numa fuga para a frente, apresenta esta moção de vitimização.
Quer a todo o custo salvar a sua imagem e a continuidade da sua política ao serviço dos interesses e da agenda dos grupos económicos.
É isso que está em causa e é isso que justifica as vozes que se repetem nos últimos dias que, em nome da estabilidade das negociatas, dos favores, dos lucros e da concentração da riqueza, esquecem sempre a estabilidade da vida dos que com o seu trabalho põem o País a funcionar.
O que acha que pensa de tudo isto que se está a passar - o povo, os que trabalham e trabalharam uma vida inteira?
O capital manda, o seu Governo concretiza, o Chega e a IL apoiam e o PS dá-lhe a mão até ao limite.
O seu Governo e a sua política não resolvem os problemas da vida e do País, e são hoje um foco de descredibilização da vida política nacional.
O PCP recusa-se a participar nesta autêntica novela do passa culpas, jogos de sombras e manobras, onde tudo parece importante menos a vida das pessoas.
Senhor Primeiro-Ministro,
a sua moção é uma declaração de confiança aos grupos económicos e à sua acumulação de lucros, a rejeição da mesma por parte do PCP é uma clara rejeição do retrocesso e do ataque aos direitos e à vida de quem trabalha.
E é sobretudo um sinal de esperança e de mobilização para outra política, que enfrente o aumento do custo de vida, exija mais salários e pensões, valorize a Escola Pública, defenda o SNS e a Segurança Social, garanta habitação, direitos dos trabalhadores, das crianças e dos pais, promova a produção nacional, a soberania, a Paz e o combate ao militarismo.
É este o nosso confronto.
O confronto entre os interesses que o senhor Primeiro-Ministro e a sua política servem e a determinação e a confiança num País mais desenvolvido e soberano, é por aqui que vai o PCP.
Há gente séria e capaz de levar por diante uma política de defesa dos interesses nacionais e que coloque os trabalhadores, as populações e a juventude no centro da sua acção.