O senhor primeiro-ministro fala-nos num país que não é o país que nós encontramos no dia-a-dia. Não nos fala do país em que 2 milhões de portugueses vivem abaixo do limiar de pobreza, dos quais 300 mil são crianças. Não nos fala do facto de haver 1 milhão de reformados com pensões de miséria. Não nos fala do facto de haver 19 grupos económicos no país que, por dia, acumulam de lucros 32 milhões de euros, portanto, o senhor primeiro-ministro fala na necessidade de criar riqueza quando o país tem uma necessidade acima de tudo de distribuir a riqueza.
Valorizando os salários, valorizando as pensões, respondendo aos problemas do SNS, garantindo o direito à habitação, combatendo a especulação, garantindo creches para as crianças que delas precisam. Portanto, não se trata de discursos em torno de ideias e de um país idílico.
O que nós precisamos é de respostas para o país real. Para o país em que as pessoas enfrentam as dificuldades porque o salário não chega para responder às necessidades do dia-a-dia. Para o país em que 1 milhão de reformados tem pensões abaixo dos 500 euros. É para este país, é para estas questões que nós precisamos de resposta, e não há resposta no Orçamento de Estado, assim como não houve resposta na declaração do senhor primeiro-ministro.