Em relação com a proposta feita pelo PCP na Conferência de Imprensa do camarada Álvaro Cunhal do dia 28 de Agosto, têm sido feitas numerosas perguntas à Secção de Informação e Propaganda do PCP.
Pergunta-se se o encontro proposto visa uma negociação entre adversários ou um encontro entre aliados.
No presente momento, tem de considerar-se uma negociação entre adversários. Não pode deixar de ser assim, uma vez que os conflitos chegaram a tal ponto que são de temer confrontos violentos.
Mesmo nas guerras, os inimigos chegam por vezes a conclusão da necessidade de um cessar-fogo e de abrir negociações. Semelhantemente, na situação política portuguesa actual.
Os interesses da revolução exigem que se abram negociações entre forças que se combatem violentamente no terreno político, o que, a não se encontrar rapidamente uma solução política, pode facilitar um golpe de direita.
Em todas as forças em presença há numerosos elementos que desejam sinceramente assegurar o curso revolucionário. Esta situação abre possibilidades de cooperação.
A proposta de encontro terá sem dúvida forte impacto nos militantes do PS.
Lembra-se que, no documento dos oficiais do COPCON se admitia uma larga frente indo até ao PS, com exclusão da sua cúpula.
Pergunta-se se a negociação e a composição do encontro proposto não diminuem o papel das forças revolucionárias.
A proposta de negociações não é uma coisa nova, fora das realidades. Deve ter-se a ideia de que tem havido, sem qualquer duvida, negociações. Simplesmente, nelas não tem participado directamente os partidos políticos.
Na proposta do PCP, da parte dos partidos políticos, estariam representados no encontro os sete partidos promotores da criação duma frente revolucionária.
A proposta desta representação é uma valorização e não uma desvalorização da esquerda revolucionária.
Pergunta-se se o encontro proposto pelo PCP contradiz a sua cooperação com os partidos que se pronunciaram pela criação duma frente revolucionaria e que constituiriam o Secretariado Provisório.
Não contradiz de forma alguma.
O encontro proposto é um encontro em que participam forças que se apresentam actualmente como adversárias. As relações com os citados partidos dentro do projecto de criação duma Frente, são de entendimento e de cooperação.
O encontro visa antecipar e suster a ameaça de um golpe de direita e um confronto armado. Quanto mais sérios passos se derem no fortalecimento da cooperação entre os partidos revolucionários, melhores condições há para fazer face à ameaça de um golpe de direita.
Também, a realizar-se o encontro, a estreita cooperação dos partidos revolucionários fortalecerá a sua posição.
Pergunta-se se a proposta significa uma inversão do sistema de alianças do PCP, buscando a aliança com o PS em prejuízo da aliança com os partidos da esquerda.
De forma alguma. A aliança com os partidos revolucionários é hoje o núcleo essencial duma vasta Frente de forças sociais e políticas interessadas no processo revolucionário rumo ao socialismo.
É entretanto indispensável que, surgindo dificuldades e divergências entre os partidos participantes, se evitem ataques recíprocos em termos violentos e insultuosos, que tornem impossível a cooperação.
Pergunta-se se o encontro proposto significa uma alteração da posição do PCP em relação a social-democracia.
Nada altera. O PCP continua a considerar que não é possível nem desejável em Portugal a instauração de uma democracia burguesa, e que a social-democracia, tanto em Portugal como do estrangeiro, se opõe ao processo revolucionário português.