Áudio
Gostaria em primeiro lugar de saudar e agradecer em nome do Partido Comunista Português a presença de todos os convidados e em especial aos nossos convidados estrangeiros representantes de várias forças políticas com quem o PCP, no Parlamento Europeu e no quadro do Grupo Unitário de Esquerda / Esquerda Verde Nórdica, mantém relações de cooperação e solidariedade.
Um agradecimento que gostaria muito especialmente de estender ao camarada Charalampos Aungorakis, do Partido Comunista da Grécia, ao camarada Dimitris Christodopulou do AKEL, e aos camaradas que tendo confirmado a sua presença, estão impossibilitados de chegar a Lisboa devido ao cancelamento dos seus voos no dia de ontem. A nuvem de cinzas vulcânicas que mais uma vez obrigou ao encerramento de vários aeroportos na Europa impediu-os de chegar em tempo útil à nossa iniciativa, mas não nos impedirá de lhe fazermos chegar o nosso agradecimento e a nossa solidariedade. Com o seu prévio acordo as suas intervenções serão lidas por camaradas do PCP durante este nosso debate.
Reunimo-nos hoje aqui em Lisboa para discutir a Estratégia 2020. Um documento estruturante das políticas económicas e sociais da União Europeia e que pretende substituir a nossa infelizmente conhecida Estratégia de Lisboa.
Foi há dez anos atrás que nos reunimos também aqui na cidade de Lisboa para avaliar a essa mesma Estratégia de Lisboa. Foi um momento importante de análise do seu conteúdo, natureza e objectivos mas foi também um importante momento de luta em defesa dos direitos sociais, dos serviços públicos e do emprego com direitos, sendo justo recordar a grandiosa manifestação de 70 mil trabalhadores convocada pela CGTP/IN.
Dez anos passados estamos perante uma nova proposta apresentada pela Comissão Europeia e cujo processo de discussão está em curso no Conselho e no Parlamento Europeu. É tempo então de a analisar e debater e este é o objectivo central desta iniciativa.
Este debate terá obviamente em conta a proposta apresentada e será feito a partir dela. Mas - porque a Estratégia 2020 é, na sua essência, uma continuação e aprofundamento da Estratégia de Lisboa é também o tempo de recordar os eloquentes discursos e proclamações que em seu torno se produziram - como a do pleno emprego, desenvolvimento e coesão social - confrontá-los com a realidade, com os resultados concretos e fazer o balanço.
Um balanço que é indissociável da profunda crise económica e social que se faz sentir em toda a Europa e em todo o mundo e que está, só por si e desde já, a desmascarar a propaganda que também acompanha a Estratégia 2020 e que de forma geral tem acompanhado cada passo do aprofundamento desta União Europeia neoliberal, militarista, directório de potências.
O nosso debate realiza-se num complexo momento da situação em cada um dos nossos países e da União Europeia, um momento de grande exigência, de grande complexidade para a luta dos trabalhadores e povos da Europa de profunda agudização da luta de classes. Um momento em que os discursos da coesão, da solidariedade, da União Económica e Monetária e do Euro como escudos da crise internacional do capitalismo caem por terra.
É tempo portanto para um debate sobre a Estratégia de 2020 que necessariamente irá bem mais além do tema que aqui nos trouxe e que decerto será um contributo, ainda que singelo, para o fortalecimento da luta por uma outra Europa dos Trabalhadores e dos povos.