Intervenção de Jorge Machado na Assembleia de República

A necessidade de o Estado disponibilizar aos candidatos ao ensino superior informação útil sobre os cursos existentes

Sr. Presidente,
Sr. Deputado Adolfo Mesquita Nunes,
A mensagem que nos transmite não é nova, aliás, no anterior governo, os Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior já tinham apontado este caminho. Mas, depois da emigração, que é a resposta dada aos jovens que estão no desemprego e que este Governo encontra para milhares de jovens que estão no desemprego, a resposta milagrosa é esta que aponta aqui, nesta declaração política, que é a seguinte: não tirem um curso superior, porque não vão ter emprego, no futuro. No fundo é essa a mensagem, ou seja, depois da emigração a mensagem é «não tirem o curso, porque não vale a pena, não vão encontrar
emprego».
Mas, Sr. Deputado, esta opção e este discurso têm o perigo seguinte: é a subordinação dos interesses do Estado, o interesse nacional de promover a oferta de cursos superiores, em função de quem? Em função dos interesses dos grandes grupos económicos. Se os grandes grupos económicos entenderem que não há necessidade de oferta relativamente a esta matéria, então, publicite-se, e não há qualquer tipo de resposta, e condicionando-se dessa forma a oferta e as escolhas das pessoas.
Mas ainda quero dar-lhe a nota final seguinte: é que — o Sr. Deputado não o referiu — temos mais de 400 000 jovens desempregados. Era preciso tomar posições políticas e medidas para que estes jovens tenham efetivamente emprego. Agora, esta solução, esta declaração política, não resolve problema absolutamente nenhum, a não ser desviar pessoas do curso que, eventualmente, possam querer tirar ou não.
A verdade é que temos 400 000 jovens no desemprego que são um desperdício, com consequências sociais brutais! E esta medida não resolve problema absolutamente nenhum! São pessoas que fazem falta ao País, são pessoas que estão desperdiçadas, porque estão no desemprego, e o que o Governo faz é, pelas opções erradas que toma, promover, cada vez mais, o maior crescimento do desemprego e o desperdício destas pessoas que são tão necessárias ao nosso País.

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