Sr. Presidente,
Srs. Deputados
Conheci António Paulouro no início dos anos 70, no quadro da luta da oposição democrática contra a ditadura e no quadro do empenhamento comum para o lançamento de um semanário que não chegou, aliás, a ver a luz do dia, por ter sido proibido, à nascença, pela censura.
Desses tempos guardo gratas recordações de António Paulouro, como homem de defesa da cidadania e da liberdade e empenhado na intervenção social. Mas é sobretudo com o Jornal do Fundão que António Paulouro se destaca na vida portuguesa, desde logo porque procurou fazer, e fez, do Jornal do Fundão um símbolo do que deveria ser uma imprensa regional de qualidade, simultaneamente envolvida nos problemas da região onde se inseria, mas sem perder a dimensão da qualidade e da sua envolvência com os problemas de âmbito nacional.
O Jornal do Fundão acabou por ser, na vida de António Paulouro, quase tudo, a que ele dedicou toda a sua longa passagem entre nós. E teve, como já foi aqui recordado, uma fortíssima intervenção. Fez dele um instrumento de intervenção social e cultural na chamada de atenção para os problemas do interior do País e, em particular, para os problemas do interior beirão. Foi com António Paulouro e a partir do Jornal do Fundão que foram feitas as Jornadas da Beira Interior e que foram desencadeados tantos colóquios e seminários a chamar a atenção para os problemas dos desequilíbrios regionais e, em particular, para as necessidades de desenvolvimento da Beira Interior.
Nesse quadro, penso que o melhor que podemos hoje aqui deixar é fazer votos para que o Jornal do Fundão continue a ser, no seu futuro, um instrumento e um órgão que dignifique e valorize a comunicação social regional, um órgão que continue empenhado na chamada de atenção para os problemas da região beirã.
Por isso, também o PCP se quer associar neste voto e na transmissão das nossas mais sentidas condolências à família de António Paulouro e ao Jornal do Fundão.