Artigo de Bernardino Soares na «Capital»

«A Guerra mata!»

Vão soando com crescente insistência os tambores de guerra, acompanhados de uma intensa campanha de propaganda visando justificar a ofensiva em curso.

Durão Barroso junta também o seu tamborete ao generalizado rufar, ao afirmar que apoiará a acção dos EUA mesmo que seja unilateral, alinhando pela equipa dos arautos da guerra e coveiros do direito internacional.

Hoje está claro que a Administração Bush e os seus aliados não estão preocupados com o desarmamento do Iraque e com o ditador Saddam Hussein. Na verdade está em causa o controle das importantes reservas petrolíferas iraquianas (cuja exploração está já prometida a algumas empresas petrolíferas norte-americanas) e a ocupação de uma importante posição geo-estratégica naquela região. Ainda a anunciada guerra não começou e já se anunciam os futuros administradores do território iraquiano, nacionais e regionais.

É preciso não esquecer que, num passado que muitos tentam apagar, Saddam Hussein foi um importante aliado dos EUA de quem recebeu apoio e armamento (incluindo os célebres mísseis SCUD), tendo entretanto assassinado milhares de comunistas e outros oposicionistas e perseguido o povo curdo.

Desdobram-se os comentadores, nas análises dos cenários previsíveis. Em geral afirmam com frieza a sua preferência pelo cenário de rápida ocupação do território iraquiano, com poucas baixas entre os soldados norte-americanos e britânicos, o que evitaria maiores dificuldades junto das opiniões públicas dos respectivos países. Tal desenlace permitiria, segundo muitos destes analistas, dar um impulso à economia americana. Mas, independentemente da análise sobre os efeitos que a guerra terá na economia mundial e na economia nacional, há um outro aspecto que importa realçar.

Trata-se da profunda insensibilidade humana com que muitos falam de um acontecimento com a maior gravidade. Falam com a frieza de quem esquece (ou quer fazer esquecer) que a guerra mata, destrói e mutila; que a guerra tira a vida a milhares de homens, mulheres e crianças inocentes; que a guerra significa a destruição de cidades, vilas e aldeias, de fábricas e campos, e da riqueza e património de um país.

É nisso que pensam muitos dos que por todo o mundo, e em Portugal, defendem a via da paz, exigindo dos governos o respeito pela opinião dos povos. Por isso é justo dizer …

SIM À VIDA ! NÃO À GUERRA !

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