Declaração de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP

Greve Geral – Uma força imensa para derrotar o Pacto de Agressão e salvar o país

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1 - Em milhares de empresas e locais de trabalho, milhões de trabalhadores, expressaram hoje um combativo Não! ao Pacto de Agressão, numa jornada memorável em defesa dos direitos dos trabalhadores e de um Portugal desenvolvido e soberano.

A Greve Geral convocada pela CGTP-IN e que ganhou grande abrangência, constituiu uma poderosa resposta à maior ofensiva desde os tempos do fascismo. Uma greve contra a exploração e o empobrecimento, contra o rumo de desastre nacional que PSD, CDS e PS, submetidos aos interesses do grande capital nacional e transnacional, querem impor a Portugal.

Uma Greve Geral que é um momento maior na história da luta dos trabalhadores e do povo português, expressão da intensa luta de classes que se trava no nosso país, afirmação patriótica e democrática, factor de mobilização e confiança na luta por um Portugal com futuro.

2 - O PCP destaca a dimensão nacional que a Greve Geral atingiu. Por todo o país – no continente e regiões autónomas – e no conjunto dos sectores de actividade, o êxito desta greve, traduziu-se numa significativa adesão por parte dos trabalhadores ao apelo da CGTP-IN, e que recolheu uma ampla solidariedade e apoio de outras camadas da população.

A Greve Geral assumiu uma particular expressão no sector produtivo de que são exemplo: no sector automóvel a Auto-Europa e todo o seu complexo industrial, a Renault-Cacia, a Exide (Tudor), Visteon, Delphi ; no sector da metalurgia e metalomecânica como os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, a Lisnave, o Arsenal do Alfeite, a Browning, a Sacti e a Sacometal; no sector corticeiro com o grupo Amorim; no sector têxtil, vestuário e calçado a Carveste, o Grupo Paulo de Oliveira, a Trekar, a Califa, a Huber Trico; no sector alimentar e bebidas a Central Cer; no sector cerâmico, cimento e vidro a Saint-Goubaint (Covina), a Vista Alegre, a Secil. O PCP valoriza a dimensão das fortes adesões no sector dos transportes como a CP, a Refer, a EMEF, o Metro Lisboa, o Metro do Porto, a Soflusa, a Transtejo, e em dezenas de empresas rodoviárias como é o exemplo da Carris, dos STCP, dos TST, dos TUBraga, dos TCBarreiro, dos TUCoimbra, da MovAveiro. O encerramento de todos os portos marítimos e grande parte dos portos de pesca e o encerramento dos aeroportos e do transporte aéreo, com o cancelamento de mais de 600 voos.

O PCP sublinha ainda a grande resposta dada pelos trabalhadores da administração pública central e local com paragens que atingiram níveis históricos, com paralisação total ou parcial em praticamente todo o País da recolha de resíduos sólidos, e outros serviços públicos como foi do caso do sector da saúde com uma forte adesão dos trabalhadores do sector, e o sector da educação com o encerramento de centenas de Escolas.

O PCP valoriza a mobilização em diversos sectores e empresas e a ampla expressão de rua que a Greve Geral comportou, em milhares de piquetes por todo o país, pontos de informação, concentrações e manifestações que fizeram desta jornada de luta uma imponente obra colectiva.

3 - A extraordinária participação verificada é tão mais valorizável quanto foi construída sob uma crescente pressão, repressão e chantagem. Esta Greve Geral constitui uma derrota para a campanha ideológica que procura apresentar a política de retrocesso como inevitável e a luta como inútil; uma derrota para a chantagem da imposição de serviços mínimos ilegítimos que procura condicionar o direito à greve e para o recurso ilegal às forças de segurança – PSP e GNR – para dar cobertura à violação do direito à greve. Uma Greve Geral que, ao mesmo tempo, constituiu uma vitória sobre o condicionamento económico, as ameaças de despedimento, perda de remunerações e prémios, a repressão e intimidação, designadamente sobre os trabalhadores com vínculo precário. Uma grande demonstração de força, determinação e serena combatividade que derrotou as tentativas de intimidação e as provocações oportunamente montadas para tentar ofuscar a sua dimensão e sentido de construção de um futuro melhor. Uma greve geral que é em si mesma uma afirmação de dignidade e combatividade de milhões de trabalhadores que abdicaram de um dia do seu salário, para a defesa e afirmação do valor maior do protesto contra o agravamento das suas condições de vida e da acção para salvar o país do desastre.

Num país marcado por mais de 35 anos de política de direita, sujeito ao processo de integração capitalista da União Europeia, vítima da natureza do capitalismo e da sua crise, a Greve Geral expressou uma firme e ampla exigência de ruptura com a actual situação.

4 - O PCP saúda os milhões de trabalhadores que participaram na Greve Geral.

Saudamos em particular os milhares de jovens que o fizeram pela primeira vez, elemento de incontornável valor político que se projecta para o futuro.

Saudamos a CGTP-IN e todas as organizações representativas dos trabalhadores, o conjunto dos activistas, delegados e dirigentes sindicais que ergueram esta poderosa jornada de luta, reafirmando o papel incontornável do Movimento Sindical Unitário que, com a sua força e identidade, constitui uma força social imensa indispensável à construção de uma vida melhor, a um país de progresso e justiça social, parte determinante do processo de ruptura com a política de direita.

5 - Submetidos aos interesses do grande capital e às imposições das grandes potências da União Europeia, o Governo, os partidos que apoiam o Pacto de Agressão, o Presidente da República que patrocina a actual política, receberam hoje uma inequívoca e firme condenação.

Uma greve que, contribuindo para o crescente isolamento dos que roubam o povo e afundam o país, coloca de forma incontornável uma nova fase no desenvolvimento da luta de massas que, mais cedo do que tarde, derrotará os objectivos do Governo e do grande capital.

O que a Greve Geral veio confirmar foi uma inabalável confiança para prosseguir, em cada empresa e local de trabalho, em cada localidade, em cada sector de actividade, a continuação da luta com acções específicas e convergentes. O PCP destaca desde já a jornada de luta que se vai realizar na próxima quarta-feira, dia 30 de Novembro, em frente da Assembleia da República no dia da votação final do Orçamento do Estado para 2012.

6 - O PCP, solidário com a Greve Geral, reafirma o seu compromisso de sempre os trabalhadores e o povo português. A luta que se seguirá será ainda mais exigente, mas a força e determinação que esta Greve demonstrou dão confiança de que não só é necessária, como possível a concretização de uma política patriótica e de esquerda que contribua para salvar o país do rumo de desastre que lhe querem impor.

  • Greve Geral, 24 Novembro, 2011
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