O governo devia registar o clamor de indignação e inquietação que hoje perpassa pelos criadores de arte, particularmente no teatro, tendo em conta a teoria miserabilista do Governo em relação a esta vertente incontornável da democracia que é a cultura.
No Orçamento do Estado para 2018, propusemos uma verba de 25 milhões de euros, que repunha o valor apresentado em 2009, naturalmente com a valorização deste período. Infelizmente, a nossa proposta foi derrotada [com o voto contra do PS e a abstenção de PSD e CDS]. Além disso, também apresentámos um novo modelo de apoio às artes que poderia responder a muitos dos problemas a que hoje se assiste e leva ao clamor dos homens e mulheres da cultura.
O anúncio de dois milhões de euros pelo Ministro da Cultura não vai resolver o problema de fundo, por insuficiência, naturalmente, mas também demonstra que, afinal, havia dinheiro para responder a alguns dos anseios mais imediatos.
Tanto dinheiro que há disponível para a banca, para acudir aos escândalos, e não há 25 milhões de euros para resolver os problemas da cultura.