Pergunta ao Governo N.º 1195/XII/2

Financiamento das Actividades de Enriquecimento Curricular no Agrupamento de Escolas do Alto do Lumiar

Financiamento das Actividades de Enriquecimento Curricular no Agrupamento de Escolas do Alto do Lumiar

As actividades de enriquecimento curricular, na formulação como foram aplicadas desde o início, traduzm-se objectivamente num movimento de privatização de componentes educativas que, de acordo com a Lei de Bases do Sistema Educativo, deveriam integrar os currículos escolares.
A pretexto do enriquecimento curricular, o então Governo do Partido Socialista (XVII Governo Constitucional) criou as chamadas AEC em vez de dar resposta às exigências de uma verdadeira escola a tempo inteiro, nomeadamente através do reforço dos meios humanos tal como prevê a Lei de Bases para o 1º ciclo do ensino básico. Em vez de assegurar uma docência coadjuvada, o Governo preferiu na altura, criar um mecanismos de contratação paralela e precária de professores não integrados na carreira pública, assim desvalorizando também os vencimentos desses profissionais e não assumindo perantes esses professores quaisquer responsabilidades.
Para impedir a galopante privatização dessa componente do ensino e para assegurar um controlo democrático e pedagógico, inserido nas comunidades, algumas associações de pais e encarregados de educação, aceitaram a transferência dessa competência, no âmbito dos protocolos firmados entre associações de pais e o Ministério da Educação, através das Direcções Regionais.
É o caso do Agrupamento de Escolas do Alto do Lumiar. Nesse Agrupamento, a Associação de Pais assegura a contratação dos professores de AEC e a gestão das actividades. No entanto, desde Janeiro que não recebe o dinheiro para proceder ao pagamento dos salários dos professores envolvidos. Na verdade, segundo as informações de que o Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português dispõe, os professores já se encontram em situação de instabilidade, dado o atraso de dois meses no pagamento dos seus salários. A própria Associação de Pais do Agrupamento de Escolas do Alto do Lumiar tem tentado chegar a contacto com a Direcção-Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo mas a circunstância provocada pela sua extinção deixa os encarregados de educação sem interlocutor.
Apesar das deficiências encontradas no regime de AEC, importa garantira sua estabilidade e a estabilidade profissional de todos os professores envolvidos, bem como das comunidades educativas que delas usufruem.
Assim, ao abrigo dos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeremos a V. Exa se digne solicitar ao Governo, através do Ministério da Educação e Ciência, resposta urgente às seguintes perguntas:
1. Que medidas tomará o Governo para proceder imediatamente ao pagamento da tranche de financiamento em atraso desde Janeiro para a Associação de Pais do Agrupamento de Escolas do Alto do Lumiar, no sentido de serem cumpridos os compromissos no âmbito das Actividades
de Enriquecimento Curricular?
2. Tem o Governo conhecimento de outros casos de atraso semelhante?
3. Que medidas tomará o Governo para estabelcer um contacto directo com esta Associação, na medida em que foi extinto o organismo público que funcionava como interlocutor - a DRELVT?
4. Que mecanismos activará o Governo para impedir que tais atrasos na transferência das tranches de financiamento se tornem a repetir?

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