O Secretariado do Comité Central do Partido Comunista Português informa, com profunda mágoa, do falecimento hoje, dia 9, aos 101 anos de idade, de Jaime Serra, um dos mais destacados dirigentes do PCP, que dedicou toda a sua vida à luta da classe operária, dos trabalhadores e do povo português. Uma vida dedicada à luta contra o fascismo, pela liberdade e a democracia, por uma sociedade nova, o socialismo e o comunismo.
Nascido a 22 de Janeiro de 1921, em Alcântara, Lisboa, começou a trabalhar na construção civil aos 12 anos de idade. Em 1940 ingressa como operário traçador naval no Arsenal do Alfeite, onde trabalhou até 1947, ano em que passou à clandestinidade.
Membro do PCP desde 1936, militando na Juventude Comunista e no Socorro Vermelho Internacional. Em Janeiro de 1937, com apenas 15 anos, foi preso pela primeira vez.
A partir de 1940 integra a célula do PCP no Arsenal do Alfeite, tendo sido responsável pela célula e sucessivamente da direcção do sector das Construções Navais de Lisboa e do Comité Local de Lisboa. Participou na direcção da greve das Construções Navais de Lisboa, em Abril de 1947, passando à clandestinidade em Setembro de 1947.
Entre 1947 e 1958 foi preso por três vezes e por três vezes conseguiu fugir das cadeias fascistas, para além de outras tentativas falhadas.
A quarta e última prisão ocorreu em Dezembro de 1958 e a última fuga é a histórica fuga da Fortaleza de Peniche em 3 de Janeiro de 1960, tendo desempenhado responsabilidades na sua preparação, organização e direcção no interior da cadeia com Joaquim Gomes e Álvaro Cunhal.
Após ter passado à clandestinidade, como funcionário do PCP, em 1947, integrou o Comité Local de Lisboa, em 1951 a Direcção Norte, em 1952 a Direcção de Lisboa. Membro do Comité Central entre 1952 e 1996.
Entre 1956 e 1958 foi do Secretariado do Comité Central. De 1965 a 1970 da Comissão Executiva.
Em Junho de 1962 teve destacado papel na direcção, organização e transporte (onde participou directamente) por via marítima entre Lisboa e o Norte de África, para a saída clandestina de Portugal de Agostinho Neto e Vasco Cabral, grande iniciativa de solidariedade internacionalista do PCP.
Entre 1971 e 1974 assumiu responsabilidades pela organização e direcção da ARA – Acção Revolucionária Armada.
Após a Revolução de Abril de 1974 desempenhou as mais variadas responsabilidades enquanto membro da Comissão Política do Comité Central.
No XII Congresso, em 1988, passou a integrar a Comissão Central de Controlo e Quadros.
Foi deputado à Assembleia Constituinte e deputado à Assembleia da República pelos distritos de Setúbal e Coimbra até 1983.
Deixa-nos editadas obras, onde inscreve a experiência e vivência própria da luta e actividade política e partidária, editadas pelas Edições «Avante!» - “Eles têm o direito de saber”, “As explosões que abalaram o fascismo”, “O abalo do poder” e “12 Fugas das Prisões de Salazar”.
Um dos mais destacados exemplos da resistência ao fascismo, da luta pela liberdade e a democracia, Jaime Serra deixa-nos o exemplo de revolucionário comunista, quer nas condições mais adversas da luta contra o fascismo, quer na Revolução de Abril, na construção do Portugal democrático e na resistência à contra-revolução, sempre se mostrou corajoso, firme nas suas convicções, confiante na justeza e no triunfo dos ideais do socialismo e do comunismo a que deu o melhor da sua longa vida. Exemplo de inquebrantável combatividade e firmeza na luta política que as gerações de comunistas, presentes e futuras, saberão honrar.
O Secretariado do Comité Central endereça aos seus quatro filhos e restante família as suas sentidas condolências.
O corpo de Jaime Serra estará em câmara ardente Sexta-feira, dia 11 de Fevereiro, a partir das 16h00, na Casa Mortuária da Igreja S. Francisco de Assis, Av. Afonso III (Alto S. João), realizando-se o funeral Sábado, dia 12 de Fevereiro para o cemitério do Alto de S. João onde será cremado após cerimónia a realizar pelas 11h30.