Na sua reunião de hoje, dia 28 de Janeiro, a Comissão Política do CC do PCP procedeu à análise da evolução da guerra do Golfo, a questões da situação social e política nacional, designadamente a questão do Pacote Laborai e aprovou a seguinte nota.
«Passados que são quase 15 dias sobre o desencadeamento pelos Estados Unidos do ataque militar contra o Iraque a pretexto da ilegítima ocupação do Koweit a Comissão Política salienta que a evolução dos acontecimentos está a dar inteira razão ao PCP e a todos quantos proclamavam – e proclamam – que tudo devia ser feito para evitar a guerra e garantir uma solução política negociada para o conflito no Golfo.
A euforia belicista e irresponsável, conduzida pela Administração norte-americana e sustentada pelo seu controlo do sistema informativo mundial, cede terreno face à justa consciência das dramáticas consequências e pesadas incertezas da confrontação militar. A ilusão, propositadamente construída, de uma guerra fulminante, desaba perante a evidência da alta probabilidade de um conflito prolongado. A mentira deliberadamente espalhada e servida por uma monumental operação de desinformação, censura e manipulação, de uma guerra «limpa», «tecnológica» e «asséptica», desmorona-se perante a imaginável crueza dos bombardeamentos maciços, de zonas urbanas e densamente povoadas, das enormes destruições materiais, do sacrifício de vidas humanas, da escalada de horror e desumanidade, dos graves reflexos económicos e ambientais do conflito.
Nenhuma mistificação pode fazer esquecer a trágica evidência de que o Mundo está perante um dos maiores e mais perigosos conflitos militares depois da 2.ª Guerra Mundial e a humanidade à beira de se confrontar com a dolorosa realidade de muitas dezenas de milhar de mortos e de feridos.
Em nome dos interesses vitais dos povos e da humanidade, é Imperioso parar Imediatamente as hostilidades e retomar a procura de uma solução negociada para o conflito do Golfo que, resolvendo a questão do Koweit, tenha em consideração o conjunto dos problemas acumulados na região e, entre os quais, se tem obrigatoriamente inserir o termo da ilegítima ocupação por Israel desde há 23 anos de vastos territórios árabes e a inequívoca satisfação dos direitos nacionais do povo palestiniano.
O amplo e poderoso movimento de protesto contra a guerra e de luta pela paz, que se desenvolve em todo o mundo com incontornável e grandiosa expressão na Europa e nos Estados Unidos, constitui um dado político e social da maior relevância, que nenhum governo poderá ignorar e que, ultrapassando fronteiras políticas, ideológicas e religiosas, protagoniza honrosamente a defesa da lucidez contra a cegueira, dos ideais humanistas contra o horror da guerra, dos direitos e interesses dos povos contra os planos de dominação e hegemonia imperialistas.
A Comissão Política do PCP sublinha o importante significado de no Parlamento Europeu terem sido derrotadas todas as propostas de Resolução de orientação belicista e de descarado apoio ao desencadeamento da confrontação militar no Golfo e de, em alternativa à proposta de resignação, acomodação e complacência face à guerra resultante do compromisso firmado entre o Grupo Socialista, os democratas-cristãos e os conservadores britânicos, a proposta do Grupo da Coligação de Esquerda (em que se integra o PCP) e subscrita inicialmente por 55 deputados de diversas sensibilidades ter obtido 90 votos, mostrando assim que cerca de 1/3 dos deputados presentes no momento do último voto se pronuncia claramente contra a guerra, reclama o fim das hostilidades e considera a via pacífica e as negociações como a única saída para os graves problemas do Médio Oriente.
A Comissão Política do PCP saúda os promotores e participantes nas diversas acções levadas a cabo contra a guerra e pela paz em diferentes pontos do Pais e em particular na manifestação realizada no passado sábado, em Lisboa, e que confirmam a possibilidade de uma frutuosa cooperação entre forças políticas, organizações sociais e cidadãos de diferentes orientações testemunham os sentimentos pacíficos do povo português, com destaque para a juventude e abrem novas e favoráveis perspectivas de luta e de intervenção.
A Comissão Política do PCP sublinha a necessidade e a indispensabilidade de os trabalhadores, os jovens, os democratas, o povo português darem continuidade e desenvolvimento a um vasto movimento nacional contra qualquer envolvimento militar de Portugal no conflito, pelo fim das hostilidades militares no Golfo e pela defesa de soluções políticas e negociadas que garantam uma paz justa e duradoura no Médio-Oriente.»