Intervenção de Rita Rato na Assembleia de República

"Esta política visa substituir trabalhadores com direitos por trabalhadores sem direitos"

Intervenção de Rita Rato no debate na Assembleia da República em torno dos apoios sociais.
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Proteção no desemprego: saída à irlandesa — alteração ao Decreto-Lei n.º 220/2006, de 3 de novembro
(projeto de lei n.º 599/XII/3.ª)
Sr. Presidente,
Srs. Deputados,
O Sr. Deputado José Manuel Canavarro veio aqui elogiar o trabalho do seu Governo PSD/CDS, mas diga aqui, se tiver coragem, que o Governo PSD/CDS não quer combater o desemprego.
Um Governo que aposta no corte do subsídio de desemprego, no embaratecimento e na facilitação do despedimento, no despedimento de milhares de professores e de outros funcionários públicos, no recurso ilegal à precariedade, na promoção do emprego sem direitos, é um Governo que não quer objetivamente combater o desemprego.
Um Governo que insiste em falsas soluções para iludir os portugueses, como foi com o Impulso Jovem e agora com a Garantia Jovem, é um Governo que não quer combater o desemprego.
O Governo quer — e é uma estratégia política de fundo — substituir trabalhadores com direitos por trabalhadores sem direitos. É essa a opção política deste Governo PSD/CDS.
E é por isso que entendemos que o Garantia Jovem é um embuste e é uma falsa solução, porque não visa a criação de emprego com direitos. O Garantia Jovem visa ocupar, não visa empregar; o Garantia Jovem é um instrumento para mascarar os números do desemprego jovem como, aliás, o anterior Governo do Partido Socialista já fazia, com os estágios INOV.
Este Governo, o Governo PSD/CDS, vem afirmar que há 76 000 jovens envolvidos no Programa Garantia Jovem. 76 000 jovens, em que 29 000 estão em estágios sem direitos e mais de 32 000 em formação profissional; por isso, temos 76 000 jovens que foram afastados das estatísticas do desemprego e, de repente, não constam dos números do desemprego jovem.
Importa aqui dizer que isto não é criar emprego com direitos. O Garantia Jovem não é criar emprego com direitos, é utilizar mão-de-obra barata e com qualificações. Importa mesmo aqui dizer — e não vale a pena vir com a conversa de que mais vale um emprego precário do que o desemprego — que este Governo não pode continuar a obrigar um jovem a escolher entre o péssimo e o mau, a alternativa ao desemprego não é a precariedade.
Há alternativa ao desemprego e esta é o emprego com direitos, é a Constituição de Abril, são os valores de Abril, a valorização do trabalho e do futuro de Portugal. Mas para isso é preciso derrotar este Governo, esta troica, esta política de direita que tem destruído e condenado o País, porque há alternativa a este caminho.

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