Camaradas,
Quero falar-vos da realidade que vivemos no Distrito de Portalegre, o menos populoso distrito do País, o único círculo eleitoral do continente que elege apenas dois deputados e que só entre 2011 e 2021 perdeu 12.424 habitantes – o equivalente à população de quatro dos nossos quinze concelhos.
Foram e são o desinvestimento na produção nacional, a precariedade no trabalho, os salários de miséria, o desinvestimento no serviço nacional de saúde e no ensino, a degradação de vários serviços públicos, as más acessibilidades e falta de uma rede pública de transportes, as causas da gravíssima situação demográfica que vivemos no Alto Alentejo e de forma geral no interior do País.
As dificuldades com que se debatem os portugueses sentem-se em todo o País. Mas no distrito de Portalegre, com uma população envelhecida e por vezes em grande isolamento, assumem ainda maior gravidade. É por isso que valorizamos muito a posição do Partido e da CDU de que é preciso respeitar quem trabalhou uma vida inteira e aumentar de imediato as pensões e as reformas em 7,5%, no valor mínimo de 70 euros.
Camaradas, este é o tempo de não desperdiçarmos nenhuma oportunidade para reverter problemas estruturais como este. E já estamos a reunir as forças necessárias para o conseguir.
E comecemos pelo início. O problema não é termos muitos idosos. Aliás a longevidade da nossa população é um dos mais visíveis e belos resultados do 25 de Abril e é o exemplo vivo do papel do Serviço Nacional de Saúde. O problema é outro, e reside no facto do interior do País ter sido pura e simplesmente esquecido, de não haver aqui investimento digno desse nome, de os jovens não terem estabilidade para constituir família como desejam ou de terem que sair da região ou do País para poderem viver. Esse é que é o problema!
Os nossos idosos têm guardada toda uma experiência e saber de trabalho e luta, e estarão, de novo, disponíveis para consolidar o que conquistaram e impedir a sua destruição. Portanto a intervenção junto desta camada não é só para falar de pensões, reformas e lares, é também para aproveitar as muitas forças e conhecimento que existe nesta camada para que eles sejam participantes activos na mudança necessária.
Mas é preciso também ir aos seus problemas específicos. O Partido tem propostas concretas para que se cumpra o direito a envelhecer com qualidade, com participação social política e cultural, e com rendimentos dignos e justos.
Impõe-se o reforço da nossa ligação a esta camada etária, que sendo diverso na sua composição social, comunga de aspectos e problemas específicos, o que é potenciador do reforço da sua unidade e convergência na luta, também eleitoral.
Planificar e multiplicar iniciativas que permitam o encontro com os reformados nos locais onde se encontram, disponíveis para ouvir os seus problemas e desabafos, propondo-lhes a realização de iniciativas: encontros, debates, convívios, multiplicando a partir daí as possibilidades de conversas com outros, familiares, vizinhos e amigos, é uma linha importantíssima.
Falemos simples e claro, denunciando que outros partidos, nomeadamente PS e PSD, falam muito dos idosos nas eleições, mas que depois são esses mesmos que têm atacado os direitos dos idosos, reformados e pensionistas ao longo de décadas.
Relembremos por exemplo que se houve alguns aumentos de pensões nos últimos anos foi porque a CDU bateu o pé e não desistiu dessa batalha, e que se o 13º mês voltou nas reformas é porque lá estivemos nós na luta pressionando o Governo.
Afirmemos que nestas eleições as justas e legítimas aspirações dos reformados e pensionistas só serão possíveis com a derrota eleitoral da política de direita, com o reforço da votação na CDU, com o aumento dos deputados do PCP e o regresso do PEV à Assembleia da Republica.
Viva o Partido Comunista Português!