Áudio
Camaradas,
A realização do Encontro Nacional de Jovens Trabalhadores da JCP insere-se na preparação do nosso 9º Congresso e tem como principais objectivos aprofundar o conhecimento e a análise da situação dos jovens no seu local de trabalho, reforçar a intervenção dos jovens comunistas no seu local de trabalho, reforçar a dinamização da intervenção dos jovens comunistas no movimento sindical e preparar a acção de luta nacional de dia 26 de Março – marcada pela CGTP-IN e com um importante papel da Interjovem.
O fortalecimento orgânico da JCP junto dos jovens trabalhadores, nomeadamente de jovens operários, é fundamental para um maior conhecimento e intervenção nesta área é determinante para o fortalecimento do carácter de classe da JCP e do PCP. A acção da JCP dirigida aos jovens trabalhadores assenta na organização e intervenção nas empresas, nos locais de trabalho e nos sectores profissionais.
Podemos fazer um balanço positivo do trabalho da JCP junto da juventude trabalhadora desde o último congresso, até ao presente Encontro Nacional de Jovens Trabalhadores.
Pode dizer-se, de uma forma geral que hoje conhecemos num conjunto maior de distritos a realidade laboral e há uma maior presença da JCP nas empresas e locais de trabalho. Existem mais colectivos de jovens trabalhadores a reunirem regularmente com actividade e intervenção própria, a prova disto é que se criaram 15 novos colectivos de jovens trabalhadores desde o 8º congresso, há uma maior preocupação dos camaradas em intervirem no seu local de trabalho. Esta intervenção passa pela dinamização das campanhas nacionais, pela realização de documentos concretos de empresa e sector e pela sua distribuição, pela realização de iniciativas de convívio e debate, pela compra e divulgação do Avante! e do Agit, entre outras.
Camaradas
O panorama do emprego juvenil tem vindo a degradar-se, sendo esta área, um alvo preferencial por parte dos sucessivos Governos PSD/CDS-PP, PS e respectivas políticas de direita. Coabita uma política de desemprego, baixos salários e precariedade com a acumulação de lucros fabulosos por parte do grande capital nacional e transnacional verificando-se uma vez mais que a crise não é para todos.
Para limitar a luta e resistência das novas gerações de trabalhadores é desenvolvida dentro e fora das empresas uma violenta ofensiva ideológica, de que são exemplos mais expressivos: a ideia de ausência de classes (nomeadamente da classe operária) e conflitos entre elas; da naturalidade e inevitabilidade de menos direitos e regalias para as novas gerações de trabalhadores; da alteração da designação de trabalhadores para colaboradores; da ideia que os trabalhadores do sector público são privilegiados face aos do privado; da chantagem permanente entre aumento dos salários e aumento do desemprego; da necessidade de haver trabalhadores com vínculos precários como combate ao desemprego, da crescente pressão para afastar os trabalhadores dos seus sindicatos de classe.
O Código do Trabalho aprovado pelo último Governo PSD/CDS-PP e agravado pelo Governo PS fornece cobertura legal a atitudes que já eram consumadas pelo patronato e que visam retirar direitos aos trabalhadores. Este Código do Trabalho é um dos mais violentos ataques feitos aos direitos dos trabalhadores desde o 25 de Abril de 1974.
O Código do Trabalho insere-se numa estratégia concertada do Governo e do grande patronato. Para a redução dos direitos fundamentais dos trabalhadores, em especial dos jovens.
Outro factor a ter em conta é a taxa de desemprego real que ronda actualmente os 12,4%, mais elevado dos últimos 30 anos, mas que nos jovens, até os 25 anos, atinge um valor de 20 %.
O patronato utiliza a elevada taxa de desemprego para reduzir o valor do trabalho praticando baixos salários e desenvolvendo a precariedade, ao aproveitar-se do aumento da mão-de-obra disponível, reduzindo assim, o poder reivindicativo dos trabalhadores.
Acresce, à política de baixo salários e de contenção salarial aplicadas pelo Governo e pelo patronato, a discriminação salarial dos jovens trabalhadores ainda que desempenhem a mesma função que outro trabalhador.
A generalização de contratos de vinculo laboral precário - de duração semanal, mensal, semestral - tem sido regra particularmente junto da juventude.
De modo a reduzir o emprego permanente, muitas empresas recorrem ao subaluguer de mão-de-obra a outras empresas ou criam empresas a partir da empresa mãe. Neste sentido, tem sido uma constante nos últimos anos o aumento do número de Empresas de Trabalho Temporário. Este tipo de empresas são uma forma encontrada pelos grandes grupos económicos para contornar os direitos dos trabalhadores actuando de modo a aumentar a exploração, fomentar a competitividade e o individualismo dividindo e manipulando os trabalhadores.
Todas estas medidas visam reduzir e/ou retirar direitos alcançados com muitos anos de luta por parte dos trabalhadores e esgotar o poder reivindicativo destes e em particular dos jovens.
Camaradas
Para fazermos frente a estas políticas e medidas é importante estarmos atentos e disponíveis para intervir na defesa dos direitos dos trabalhadores, contribuindo para o aumento da sua consciência política e de classe dando confiança à sua luta.
É importante reforçarmos a nossa intervenção junto da juventude trabalhadora. Assim, temos que continuar a organizar os camaradas por empresa, local de trabalho e /ou sector.
É fundamental definir as empresas ou locais de trabalho que consideramos prioritários para a nossa intervenção, e realizar documentos concretos sobre os problemas que afectam os seus trabalhadores, bem como divulgar o Avante! e o Agit através de vendas regulares à portas destas empresas.
Para que a luta seja mais consequente, os militantes trabalhadores da JCP devem estar sindicalizados nos seus sindicatos de classe os da CGTP-IN, assim exige-se um novo fôlego nesta linha de trabalho.
Temos que participar e mobilizar os nossos colegas para as lutas. Esta linha de trabalho deve ser articulada com o Partido e com o movimento sindical unitário.
A vida, a situação concreta de centenas de milhar de jovens trabalhadores exigem que a JCP intensifique a sua intervenção e luta. Destaca-se acção de luta de jovens trabalhadores dia 26 de Março – como forma de comemorar o dia nacional da juventude –, que certamente será mais uma grande acção de luta nacional centralizada em Lisboa, pelo direito ao emprego com direitos, pelo aumento dos salários, contra a precariedade. De referir ainda as comemorações do 1º de Maio que se quer que sejam concentrações e/ou manifestações de grande oposição às políticas de direita seguidas por este Governo e com grande participação juvenil.
Vamos ao trabalho, com confiança e determinação havemos de conseguir, como afirma o lema do nosso Congresso, com a luta da juventude construir o futuro!