Intervenção de Paula Santos, Presidente do Grupo Parlamentar e membro da Comissão Política do Comité Central, Jornadas Parlamentares na Península de Setúbal

«O empobrecimento da larga maioria da população contrasta com a acumulação de riqueza por uma pequeníssima minoria»

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Camaradas e Amigos, Caros Convidados, Senhoras e Senhores Jornalistas,

A realidade está marcada pelo agravamento das condições de vida dos trabalhadores e do povo. Os preços de bens essenciais – dos alimentos, da eletricidade e do gás, dos combustíveis - crescem aceleradamente. A taxa de inflação aumenta de forma galopante. Os custos com a habitação são elevadíssimos, a que se soma o aumento das taxas de juro. Os salários e as pensões dão para cada vez menos. Dia após dia, os trabalhadores e os reformados perdem poder de compra.

O aumento de preços que já se vinha a sentir desde o final do ano passado, agravou-se no início deste ano, devido ao aproveitamento dos grupos económicos da guerra e das sanções, com o objetivo de aumentarem os seus lucros à custa do empobrecimento do povo. Se antes, os grupos económicos utilizaram a epidemia como pretexto para aumentar a exploração e atacar direitos dos trabalhadores, agora o pretexto é a guerra e as sanções.  

O empobrecimento da larga maioria da população contrasta com a acumulação de riqueza por uma pequeníssima minoria. Há mais pobreza e mais desigualdades.

A enorme dependência externa deixa-nos muito expostos à evolução da situação económica no plano internacional. O risco de escassez de bens essenciais, nomeadamente de alimentos, de quebras nas cadeias de abastecimento ou de aumento dos custos da energia e das matérias-primas é real.

As medidas adotadas pelo Governo são insuficientes, não dão resposta aos problemas que aí estão e não enfrentam os interesses dos grupos económicos. A atual situação exige soluções que o Governo e os partidos de direita recusam.

Nestas Jornadas Parlamentares, sob o tema “Travar o aumento de preços, valorizar salários e pensões, promover a produção nacional”, pretendemos abordar as soluções necessárias para dar respostas aos problemas que preocupam os trabalhadores e o povo, na região de Setúbal e no País. Soluções que passam pelo controlo e fixação de preços, pelo aumento dos salários e pensões para evitar a perda de poder de compra e pela aposta na dinamização do aparelho produtivo.

Realizamos as Jornadas Parlamentares na Península de Setúbal, região de enormes potencialidades, mas que tem sido deixada ao abandono pelos sucessivos Governos. A concretização de investimentos estruturantes essenciais para o seu desenvolvimento e para o País, é constantemente adiada.

A Península de Setúbal tem características ímpares para a promoção da produção nacional – a forte atividade industrial, em setores tão diversos como a indústria naval ou automóvel, a indústria química ou metalomecânica, entre outras; a presença de setores produtivos, na agricultura e nas pescas; e a atividade de muitas micro, pequenas e médias empresas. A promoção da produção nacional é fundamental para a criação de riqueza e de emprego com direitos, e para a substituição de importações pela nossa produção, reduzindo a dependência externa. 

O desinvestimento a que a região de Setúbal tem sido sujeita é muito prejudicial. 

São necessários investimentos que são cruciais para a dinamização da capacidade produtiva, para a melhoria das acessibilidades e da mobilidade e para a garantia de direitos sociais, como são exemplo a construção do Novo Aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete, a terceira travessia do Tejo rodoferroviária, a plataforma logística do Poceirão, o alargamento do Metro Sul do Tejo ou a requalificação e construção de escolas e de equipamentos sociais dirigidos à infância, às pessoas com deficiência e aos idosos.

Uma das regiões onde é mais sentida a falta de profissionais de saúde é na Península de Setúbal. Há 186 377 utentes sem médico de família, o que corresponde a 22,4% da população sem médico de família. Faltam profissionais de saúde para assegurar o adequado funcionamento dos serviços públicos, designadamente dos serviços de urgência e de urgências obstétricas (dificuldades que são do conhecimento de todos) e para garantir a realização de consultas, cirurgias, exames e tratamentos. São necessários novos centros de saúde como na Quinta do Anjo, aqui em Palmela, no Feijó, em Almada; no Alto Seixalinho no Barreiro; nos Foros da Amora e na Aldeia de Paio Pires, no Seixal; na Quinta do Conde em Sesimbra, na Bela Vista e no Bairro do Liceu, em Setúbal. Tardam os investimentos nos cuidados hospitalares, como a construção do Hospital no Seixal, a ampliação do Hospital de São Bernardo (processo desbloqueado na sequência da intervenção do PCP), a requalificação e ampliação do Hospital Garcia de Orta e a construção do novo Hospital Montijo Alcochete. 

No programa que preparámos para estas Jornadas Parlamentares estão previstos encontros com trabalhadores, com reformados, com micro, pequenos e médios empresários, com agricultores e pescadores, com associações humanitárias de bombeiros, com profissionais de saúde e utentes. Queremos aprofundar o conhecimento, abordar os problemas e as soluções para a sua resolução.

Um bom trabalho para todos nestas Jornadas!

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