Camaradas,
Em nome da Organização da Região Autónoma dos Açores (ORAA) do Partido saúdo, com um abraço fraterno, todo o coletivo partidário e formulo votos para que, com a realização deste Encontro Nacional, possamos dotar o Partido e a CDU de contributos que se constituam em instrumentos de ação, luta e esclarecimento para enfrentar um duro ano eleitoral que se inicia, já no dia 4 de fevereiro, com as eleições antecipadas para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA).
Camaradas,
Como sabem o Presidente da República, em 2020, por delegação no Representante da República, foi lesto a abençoar a formação de um governo apoiado por uma coligação espúria protagonizada pelo PSD, o CDS e o PPM e apoiada, com acordos parlamentares uni e multilaterais, pelo Chega e pela IL, mas lerdo a tomar a decisão de dissolução da ALRAA, pois, em março de 2023 a IL e um deputado independente, eleito pelo Chega retiraram o apoio parlamentar à solução governativa de direita que desgovernou os Açores durante os últimos 3 anos e meio. O Presidente da República voltou a exercer o seu mandato de forma parcial morosa e atabalhoada com que conduziu o processo da marcação da data das eleições nos Açores que, claramente, favorece os partidos da coligação PSD/CDS/PPM que agora se apresentam às eleições formalmente coligados, coligação que foi replicada no país recuperando uma velha ideia de unir a direita.
Nem a velha AD serviu, nem a sua sucedânea nos Açores ou no País agoura nada de bom para os trabalhadores e para as populações rurais e urbanas. A experiência açoriana assim o demonstra, mais exclusão, mais pobreza, mais assistencialismo e a continuidade da recusa sistemática de encontrar soluções e abandonar os paliativos.
Soluções que, forçosamente, passam pelo aumento do valor do trabalho e pelo fim da precariedade, a direita e as políticas de direita preferem os paliativos para continuar a exercer o domínio e promover a desvalorização do trabalho.
Nos Açores e no País é preciso dizer NÃO!
NÃO à direita. A direita sem adjetivos.
NÃO às políticas de direita que destroem o Serviço Nacional e Regional de Saúde, a Escola Pública e surfam a onda neoliberal de tudo privatizar no altar dos mercados.
Camaradas,
O contexto social e político, mas também mediático cria-nos dificuldades acrescidas no trabalho de esclarecimento e de mobilização para o indispensável voto de reforço eleitoral da CDU que se traduza na eleição de mais deputados.
Contamos, como é habitual, com a nossa capacidade de mobilização e a força da razão e é no contato direto com os trabalhadores e as populações que devemos centrar a nossa ação e energia, sem descurar os nossos suportes nas redes sociais, pois, potenciam a nossa intervenção chegando a segmentos da população, mais ou menos jovem, que utiliza as novas plataformas de comunicação, mas se arreda do contato direto.
Se no continente e na Madeira o contexto em que vamos disputar as eleições para a Assembleia da República e para o Parlamento Europeu é, como já afirmei, difícil por sermos o alvo do capital e dos seus acólitos, nos Açores é, ainda, mais complexo.
Em 2020 perdemos a representação parlamentar o que nos privou de aceder à intervenção e à propositura institucional. Foi feito um grande esforço da Direção da Organização, para manter presença regular em todas as ilhas na procura do reforço do trabalho das organizações de ilha e da tomada de posição sobre as questões de cada uma delas, mas também da globalidade regional.
As dificuldades acrescidas nos Açores são, também, de ordem geográfica e não são despicientes. A Região é insular e arquipelágica o que pode não significar muito dito desta forma, mas vou procurar dar uma imagem que, talvez, se aproxime mais da realidade e sirva para que se entendam melhor as nossas dificuldades no trabalho de organização do Partido, na luta de massas, mas também nos momentos em que a luta se trava nas urnas.
Os Açores têm pouco mais de 2000Km2 de território fragmentado por 9 ilhas que estão dispersas numa área de 66000km2 do Atlântico Norte, a distância da ponta mais oriental (ilhéus das Formigas) à ponta mais ocidental (ilhéu de Monchique) é de 600Km. De Melgaço, no Minho, ao cabo de Santa Maria, no Algarve, distam 561km.
A população açoriana é de 243mil pessoas e concentra-se (mais de 50%) na ilha de S. Miguel, seguindo-se a Terceira, com mais de 50mil, o Faial e o Pico com cerca de 15mil. Julgo que não será difícil perceber o acréscimo de dificuldades no nosso trabalho político e o défice do trabalho coletivo, pois, os custos de deslocação, por via aérea, são incomportáveis para manter a regularidade necessária que o trabalho partidário exige.
Camaradas,
A tarefa dos comunistas açorianos é dura e complexa, mas a dureza e complexidade não nos derrota, dá-nos força e ânimo para encontrar as soluções que melhor sirvam, a cada momento, os nossos propósitos.
É neste quadro, que não sendo novo, vamos travar as batalhas eleitorais de 2024, desde logo as eleições regionais de 4 de fevereiro e para as quais estamos, com o apoio central do Partido, a trabalhar para crescermos eleitoralmente e recuperar a representação parlamentar, dando assim voz e respostas aos problemas da coesão social e territorial, ao aumento dos rendimentos do trabalho, com o aumento do acréscimo regional ao salário mínimo regional, dos complementos regionais de pensão e abono de família e da renumeração complementar, mas também ao reforço do investimento público em setores como a educação e a saúde.
A presença do PCP no parlamento regional tem um património de iniciativas que foram e continuam a ser referências da natureza de classe do Partido e que, naturalmente, beneficiaram os trabalhadores e as populações de todas as ilhas.
Viva o PCP!