Uma primeira palavra de saudação aos que hoje aqui marcam presença neste Acto Público da Coligação Democrática Unitária tendo como horizonte próximo as eleições legislativas de 30 de Janeiro.
Saudação que estendo, em nome do PCP, ao Partido Ecologista «Os Verdes», à Associação Intervenção Democrática e aos muitos homens e mulheres sem filiação partidária que connosco partilham este espaço de intervenção política e democrática que dá corpo a esta força que, sem hesitações, assume o projecto político alternativo que o País precisa para ver o seu desenvolvimento e progresso concretizados.
Vamos, como temos dito, para estas eleições porque o PS, e o Presidente da República, assim quiseram.
O que o País precisa é de resposta e soluções para os seus problemas, essas respostas e soluções que não encontram concretização em políticas amarradas a compromissos e opções que avolumaram os problemas nacionais. Essas opções e compromissos que moldam a política de direita que há décadas PS e PSD prosseguem e que marca negativamente as condições de vida dos trabalhadores e do povo e impedem o desenvolvimento nacional.
Encaramos estas eleições com a importância que têm na vida política e nas perspectivas da sua evolução. Cá estamos para intervir com confiança, essa confiança que tem na nossa acção e nas nossas propostas e soluções a razão principal de apoio à CDU.
Sim, se há elemento que fica claro da nossa intervenção de sempre, comprovada nestes últimos anos, é que não há caminho para defender e avançar em direitos sem a CDU e o seu reforço.
Assim se viu com o que da acção decisiva do PCP e do PEV resultou na reposição de direitos, na conquista dos manuais escolares gratuitos ou num passe social intermodal e transportes mais baratos, com o aumento extraordinário de pensões, na garantia de pagamento por inteiro dos salários dos trabalhadores em lay-off. Ou, como ainda agora se confirmou com essa nova conquista por acção e proposta do PCP que são as creches gratuitas para todas as crianças, ainda que faseada por imposição do PS.
Como claro é há muito que a CDU é a força decisiva e consequente para combater a política de direita e os projectos reaccionários, para dar voz e corpo às aspirações dos trabalhadores e do povo. E, sobretudo, que a solução para os problemas nacionais encontra na proposta e na política da CDU e no reforço da sua influência a primeira e mais decisiva condição.
O acumular de problemas exige que não se adiem respostas e soluções. Soluções como o aumento geral dos salários e do Salário Mínimo Nacional não amarrado à pressão do capital e a garantia que os direitos dos trabalhadores não continuem a ser triturados numa legislação laboral inclinada a favor do grande patronato.
Soluções para defender e salvar o SNS de um caminho que levará à sua destruição se nada se fizer para fixar profissionais, valorizar os seus salários e carreiras, aumentar o investimento que garanta a todos acesso à consulta, ao exame, à cirurgia, ao médico e enfermeiro de família.
Soluções para assegurar o aumento das pensões de reforma sem deixar reformados para trás a perder poder de compra, para assegurar o fim das penalizações e garantir a reforma por inteiro com 40 anos de descontos.
Soluções para garantir o direito à habitação, acabando com esta incerteza em que vivem milhares de pessoas de nunca saberem se estão sujeitos a ver o seu contrato de arrendamento terminar ou ser-lhes imposto um valor de renda incomportável que os deixa sem tecto.
Soluções para garantir estabilidade na vida e no trabalho, horários regulados e apoios para permitir uma decisão livre de ter filhos.
Soluções para assegurar o aumento da produção, a criação de emprego e o apoio à actividade das pequenas e médias empresas.
É esta resposta que o PS não quis dar e que o PSD não dá.
O PS atirou o País para eleições porque recusou soluções. Comprometido com a política de direita o PS ambiciona uma maioria absoluta para fugir da intervenção e influência do PCP e da CDU. O PS quer fugir à acção do PCP e do PEV porque recusa e foge à convergência para encontrar soluções que sirvam os trabalhadores e o povo.
O PS quer fazer de mãos livres o que sempre fez, quer manter o País preso aos interesses da União Europeia e não ter de se confrontar com a acção do PCP e da CDU para adoptar avanços que só adoptou porque foi obrigado.
Ambiciona a maioria absoluta mas já pensa em como estender a mão ao PSD para dar andamento à política de direita. É ver os mimos recíprocos entre PS e PSD, as juras de respeito mútuo pelos resultados, a disponibilidade anunciada para manter a política de direita sem sobressaltos, na paz dos deuses.
Tudo sobre o aplauso e alívio do grande patronato por o PS ter resistido à pretensão do PCP de aumentar salários, revogar normas gravosas da legislação laboral, pôr em risco o negócio da doença por parte dos grupos económicos.
Depois dos pedidos de desculpa ao grande patronato o PS satisfez a sua agenda rejeitando, com toda a direita, as propostas do PCP de combate à precariedade e de aumento e reposição do valor do trabalho suplementar/horas extraordinárias.
O PS quer ter as mãos livres para fazer a política de direita, para poder escolher sem estorvos o lado do grande patronato em vez dos trabalhadores, para escolher o lado dos grupos económicos que negoceiam com a doença em vez do lado do SNS e do direito à saúde.
Quanto mais força o PS tiver mais insistirá na política de direita. Sozinho ou mal acompanhado.
A essa operação que aí assistimos para branquear o PSD de um passado que os trabalhadores não esquecem, para apagar as suas responsabilidades na política de estagnação do País e de agravamento das desigualdades, o que podemos dizer é que os portugueses sabem com o que dali vem: cortes nos salários e nas pensões de reforma, retirada de direitos, ataque aos serviços públicos, ainda mais benesses para os grupos monopolistas.
Já andam a puxar ora pelo PS, ora pelo PSD, como se cada um puxasse para o seu lado quando na verdade ali puxam os dois para o mesmo lado, o lado da política de direita.
Não vale a pena andar por aí a agigantar o medo da direita quando se está a pensar em arranjos com ela. A direita não se combate por quem lhe estende a mão.
Combate-se dando mais força e mais deputados à CDU que é a garantia mais sólida para esse combate à direita, seja com que roupagem vestir, para a derrotar como a derrotou em 2015 quando o PS já se rendia, para garantir uma política verdadeiramente de esquerda, uma política alternativa, que tenha como compromisso principal a defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo.
É essa política alternativa que o País precisa. É essa perspectiva de alternativa que o PCP defende em oposição às opções do PS e em confronto com os projectos reaccionários de PSD, CDS e seus sucedâneos.
É na CDU que reside a condição essencial de avanço. Provou-se no passado recente e pode provar-se ainda mais se tiver mais força para fazer avançar, salários, reformas, direitos.
Hoje todos falam do que nunca falariam se o PCP e a CDU não os tivessem posto a falar.
Já todos falam de aumentar salários, mas a verdade é que na hora da verdade quando o PCP propõe esse aumento o PS, e o PSD, CDS e sucedâneos votam contra.
Já todos falam no SNS mas a verdade é que na hora de decidir o PS arrasta soluções e compromete o futuro do SNS enquanto PSD, CDS e seus sucedâneos o que têm na cabeça é destrui-lo para melhor florescer o negócio dos grupos privados da saúde.
Já todos falam em creches gratuitas mas a verdade é que foi por proposta do PCP que foram consagradas, uma conquista da nossa intervenção, que não constava do programa do PS, e PSD ou CDS nem ousavam verbalizar.
Já todos falam em aumento de reformas que só foram alcançadas porque o PCP não permitiu que elas não tivessem aumento extraordinário como o PS queria ou fossem sujeitas a cortes com o PSD e CDS fizeram no passado e fariam no futuro.
Não é nas opções do PS nem nos projectos reaccionários de PSD, CDS e seus sucedâneos que há solução para os problemas dos trabalhadores e do povo.
Dia 30 de Janeiro, o que se vai decidir é de dar resposta aos problemas ou de mantê-los adiados e agravados.
É isso que se vai decidir: abrir perspectivas de uma política que coloque no centro dos seus objectivos os interesses dos trabalhadores e do povo, dando mais força à CDU e elegendo mais deputados do PCP e do PEV, ou dar apoio a quem de maneiras diversas está disposto a prosseguir a política de direita, a negar as respostas necessárias em nome da submissão à União Europeia e aos interesses do grande capital.
Temos razões de confiança de que no dia 30 de Janeiro esta força decisiva pode contar com o apoio de todos quantos querem ver resolvidos os seus problemas, querem ver saída e solução para as suas vidas, querem olhar confiantes para o seu futuro.
A todos eles reafirmamos o nosso compromisso de ao seu lado prosseguir a nossa intervenção em defesa dos seus direitos e condições de vida, pela afirmação do interesse nacional, por um Portugal desenvolvido e soberano.