Vivemos um momento importante e exigente da vida nacional. O nosso povo está confrontado com uma importante decisão sobre o futuro imediato da nossa vida colectiva. A eleição de deputados à Assembleia da República coloca-nos perante o desafio, que é simultaneamente uma oportunidade, de criar condições para dar resposta aos muitos e graves problemas que o nosso País enfrenta.
Problemas que não são de hoje e que a pandemia veio expor com maior clareza. Problemas que são o resultado de décadas de política de direita. Uma política pela qual respondem, nos seus aspectos estruturantes, tanto o PS como o PSD.
Partidos que partilham a responsabilidade por décadas de submissão aos ditames da União Europeia e aos interesses do grande capital.
Os resultados são conhecidos. Défices estruturais graves que se foram acumulando. Desde logo, um volumoso e persistente défice produtivo, consequência directa da desvalorização da agricultura, da indústria e dos nossos recursos nacionais. Desde há muito que alertamos: um país que não produz fica amarrado à dependência e ao endividamento. A solução para dever menos é produzir mais. Mas pela mão de sucessivos governos – ora do PS, ora do PSD – o País desaproveitou as suas potencialidades e recursos e foi substituindo produção nacional por importações, quando podia e devia ter feito o contrário.
Arrastamos, desde a adesão ao Euro, um crescimento económico indigente. A situação social encontra-se degradada, com os problemas dos baixos salários e reformas, do desemprego e da precariedade, da emigração dos mais novos, do agravamento da carestia de vida. Os serviços públicos estão fragilizados, com particular evidência no Serviço Nacional de Saúde, que definha ao mesmo tempo que crescem os lucros dos grupos económicos que fazem negócio com a doença. Foi sempre à sombra dos partidos da política de direita, a que chamam do bloco central, que estes grupos cresceram, parasitando recursos do Estado. Ao mesmo tempo que em extensas zonas do País, como aqui no Interior, faltam médicos de família e outros especialistas e encerram valências hospitalares.
O País continua a ser percorrido por assimetrias, desequilíbrios e desigualdades cada vez maiores. Isto apesar das recorrentes lágrimas de crocodilo que alguns vertem em nome do Interior esquecido.
Sim, estes e outros problemas do País têm um particular impacto na vida das populações do Interior, a braços com o despovoamento e a desertificação económica, com o magro investimento público, com as dificuldades e custos acrescidos para as micro, pequenas e médias empresas. Veja-se a continuada afronta das portagens nas auto-estradas do interior, como a A23 e A25, com a privatização das empresas públicas que assim deixam de dar resposta às necessidades destas populações.
Volta e meia lá vêm anunciar mais uns programas, mais uns planos, mais umas estratégias, mais uma equipa de missão para o Interior. Mas o que se vai vendo é o contínuo definhar destes territórios, o desaproveitamento do seu enorme potencial, a incapacidade de fixar populações, em especial jovens.
O PS atirou o País para eleições porque recusou soluções. Preferiu ir para eleições a adoptar as soluções de que o País precisa e que o PCP propôs. E cada dia que passa vai deixando mais claro porque é que o fez. Fê-lo porque viu aqui o que julgou ser a oportunidade para uma ambicionada maioria absoluta, explorando os efeitos de uma encenada vitimização. Tudo para ficar de mãos livres para fazer aquilo que, sempre que dependeu dele próprio, acabou por fazer: pôr em prática a política de direita, sozinho ou com o apoio do PSD, que já disse que não faltará à chamada para dar andamento acelerado a esta velha e gasta política.
O que o PS quer é não ter de se confrontar com a acção do PCP e da CDU, que nos últimos anos permitiu assegurar avanços que o PS só viabilizou porque a isso foi obrigado. Quer ter as mãos livres, sim, para escolher sem estorvos o lado do grande patronato, em vez do lado dos trabalhadores, para levar a água ao moinho do grande capital, encaminhando para aí os milhões dos fundos comunitários, desaproveitando mais uma oportunidade para investir no País e na resposta aos problemas e dificuldades do nosso povo, para escolher abertamente o lado da submissão aos ditames da União Europeia, em vez do lado da defesa intransigente dos interesses nacionais.
Dar força ao PS nestas eleições é premiar este virar de costas ao País.
É importante retirarmos lições do que aconteceu em 2019.
Que ninguém duvide: um PS mais forte significará um PS ainda mais próximo do PSD, significará avolumar os problemas nacionais, em vez de lhes responder.
Como não se duvide também que votar no PSD, ou num qualquer dos seus apêndices ou sucedâneos, é dar força ao ataque a direitos, aos cortes nas pensões e salários, ao ataque ao Serviço Nacional de Saúde e aos serviços públicos, ao assalto ao património público. Este é o registo e o projecto que estes partidos têm colado à pele e que alguns tentam branquear à força, a tempo de enganar os mais incautos.
Nestes tempos de campanha eleitoral não vão faltar as tentativas de vender gato por lebre, de ocultar e iludir responsabilidades pela situação do País, como não vão faltar as manobras e operações de chantagem.
Pois bem, este é o tempo para lembrar que cada voto na CDU é um voto que conta, como nenhum outro, para impedir a maioria absoluta que o PS ambiciona e também para impedir o regresso do PSD, sozinho ou com os seus apêndices atrelados ou ainda de mão dada com o PS.
Não deixamos que ninguém se esqueça que em 2015, quando o PS felicitava PSD e CDS pela vitória eleitoral e confessava a sua vontade de os deixar permanecer no Governo, a força da CDU contou para consumar o afastamento destes partidos do Governo.
Com o reforço da CDU, é possível responder aos problemas do País. É essa resposta que pode trazer estabilidade à vida dos trabalhadores e do povo. É dessa estabilidade que precisamos. Não da falsa estabilidade das maiorias absolutas, que como a história tão bem demonstra rapidamente se transforma num inferno de instabilidade na vida de quem trabalha.
Os trabalhadores, o povo e o País contam com a CDU para, com a máxima determinação e confiança, assegurar as respostas e soluções que a situação exige. Está nas mãos de cada um contribuir para acender essa centelha de esperança num futuro melhor.
A política de que o País precisa e a convergência para lhe dar suporte têm no reforço da CDU a condição principal para a sua concretização. Convergir na resposta concreta aos problemas dos salários, das pensões, da saúde, da educação, da produção, da coesão do território - é essa a determinação da CDU. É isso que é necessário. É isso que iremos trazer para esta campanha. É isso que é preciso. É a isso que iremos deitar mãos: erguer uma jornada de esclarecimento e de mobilização, que fuja da eterna discussão em que alguns nos querem enredar, dos arranjos e arranjinhos de poder, feitos para assegurar a sobrevivência da política que está na origem dos problemas e dificuldades que enfrentamos.