Coube me a mim falar da situação, os desafios e as nossas aspirações dos jovens trabalhadores no nosso país, 40 anos após a nossa Revolução.
As consequências da política de direita que nos últimos anos assume a forma dos PECS e das troikas, têm deixado marcas nefastas aos jovens, os seus direitos e à sua emancipação.
Os níveis de desemprego no nosso país e a banalização da precariedade levam milhares de jovens, apesar dos seus níveis de habilitações serem superiores aos das gerações anteriores, a uma posição desfavorável no emprego: rodando de trabalho precário e o desemprego. Perante a instabilidade que lhes é oferecida, muitos acabam por emigrar em busca de um futuro melhor.
A precariedade no emprego traz sérias consequências no plano da protecção no local de trabalho e da segurança social. Uma parte significativa e crescente não tem qualquer tipo de protecção social, nas diferentes vertentes que esta pode assumir, e os trabalhadores encontram-se numa situação de grande pressão e sob a ameaça de perder os seus postos de trabalho, sujeitam-se a condições de trabalho inaceitáveis, em desrespeito pelos seus direitos laborais.
Muitos são os que são compelidos a aceitarem empregos com baixos salários (muitas vezes abaixo do salário mínimo nacional), longas jornadas de trabalho e em muitos casos, sem condições mínimas de higiene e de segurança no trabalho. E são estes mesmos trabalhadores, cujo vínculo é precário, que são muitas vezes são empurrados a ocupar os postos com mais elevado grau de perigosidade.
A introdução do código do trabalho e as suas sucessivas alterações foram degradando as condições de trabalho, agravaram a exploração e o empobrecimento. Assinadas por governo, UGT e as confederações Patronais, levaram à introdução do banco de horas, ao aumento de horas de trabalho consecutivas, ao roubo dos feriados, da majoração das férias, à redução da retribuição do trabalho extraordinário, e a última alteração do Código do trabalho, com a redução dos prazos para a caducidade das Convenções Colectivas.
Mas os nossos governantes não fazem tudo isto, sem tentar mandar-nos areia para os olhos com medidas de apoio ao empreendedorismo ou com a garantia jovem. O governo ao anunciar as medidas activas de emprego, coloca a responsabilidade que é do Estado, de potenciar e promover o emprego para as costas dos jovens trabalhadores, e fá-lo da forma mais retorcida possível, passando a mensagem de que só não encontra emprego quem não for dinâmico e empreendedor. Na realidade estas medidas para além de não resolverem os problemas do desemprego e da precariedade, criam benefícios às grandes empresas em troca de mão de obra barata ou a custo zero fazendo com que seja ele próprio, o governo a potenciar a exploração. Outro mecanismo utilizado tem sido a colocação de milhares de trabalhadores em contratos emprego-inserção na Administração Pública, e como se não bastasse, com a ameaça de perder o subsídio de desemprego caso não aceitem a exploração.
Esta é uma política que vai contra os jovens, contra os nossos interesses e direitos, que bloqueia o nosso futuro e que nos manda para fora do nosso país, para longe da família e amigos. Que tem levado a milhares de jovens ao isolamento e à miséria.
Uma política que degrada e destrói sonhos, oportunidades de uma vida melhor, que empobrece os jovens em nome do grande capital financeiro e dos seus interesses. Nada nesta política corresponde às aspirações da juventude, uma juventude que quer trabalhar, que quer contribuir para o desenvolvimento do seu país, que quer ser feliz aqui e não lá fora, mas que encontra todas estas barreiras para dar o seu contributo.
E por isso esta é uma política que cada vez mais jovens a chumbam, com a intensificação da luta pela exigência da demissão deste governo e desta política.
A juventude não se resigna e são cada vez mais aqueles que se juntam à luta por melhores condições de trabalho e de vida, pelo nosso futuro colectivo.
Lutamos e avançamos, em defesa dos nossos postos de trabalho, contra a precariedade. São exemplos os trabalhadores da Bosh, da Lavapor, da Visteon, tempo-team, os enfermeiros e tantos outros. Centenas de trabalhadores que nos últimos anos obrigaram as empresas a passarem aos quadros.
Os milhares de trabalhadores que conquistaram aumentos salariais. A admirável luta dos trabalhadores da Pizza Hut no Porto, que organizados no seu sindicato obrigaram a empresa a suspender a redução do pagamento por cada entrega.
A luta dos trabalhadores da Administração Pública pela manutenção das 35h semanais. Os trabalhadores da FNAC, que ao perceberem a intenção do patronato com a imposição do banco de horas, recusaram no em massa.
Camaradas, estas lutas descrevem as aspirações dos jovens trabalhadores, e elas passam por uma outra política, que defenda os nossos interesses. Que ponha fim ao desemprego e à precariedade, que crie estabilidade laboral, aumente salários, que aposte no desenvolvimento do nosso país, na produção nacional. Que reduza os horários de trabalho, para pudermos viver e trabalhar com dignidade. Uma política ao serviço do seu povo e do seu país.
Esta sim a política necessária aos jovens, que nos dê a oportunidade de futuro e dignidade de trabalhar e viver no seu país.
Uma política patriótica e de esquerda, que projecte os valores de Abril no futuro de Portugal.
Continuamos a luta, permanecemos activos e na vanguarda da defesa dos direitos dos jovens, dos trabalhadores e do povo Português.
Viva a luta dos trabalhadores!
Viva o Partido Comunista Português!