- A pretens?o do Governo de que a sua proposta "resulta de um esfor?o de consensualiza??o das propostas apresentadas por v?rios partidos" na Assembleia da Rep?blica no final da legislatura anterior, quando de facto ela se limita a retomar uma "proposta de texto final " apresentada unilateralmente pelo Grupo Parlamentar do PS que procurava "fazer a ponte" em quest?es essenciais com o PSD e com o CDS/PP, e divergindo profundamente nesses pontos em rela??o ?s posi??es do PCP.
- A insist?ncia governamental numa linha de redu??o do sistema p?blico de seguran?a social (plafonamento), pese embora o tom dubitativo adoptado por respons?veis governamentais em rela??o aos efeitos esperados da adop??o de tal pol?tica, acompanhada pela abertura de espa?o para o desenvolvimento dos 2? e 3? pilares da seguran?a social (privados).
- A previs?o da regressividade da taxa de substitui??o no c?lculo do valor das pens?es de reforma, favorecendo a evas?o contributiva e a sa?da de contribuintes do sistema p?blico para os esquemas privados.
- A admiss?o de que as taxas contributivas possam variar de acordo com pol?ticas conjunturais de emprego, com a actividade ou sector econ?mico e com a situa??o dos benefici?rios, mas sem que o Governo assegure a indispens?vel transfer?ncia do Or?amento do Estado para o Or?amento da Seguran?a Social da compensa??o pelas receitas que lhe sejam subtra?das com tais decis?es do Governo.
- A abordagem vaga da quest?o (fundamental) do financiamento futuro do sistema e a aus?ncia de medidas concretizadoras da amplia??o das bases de obten??o de recursos que n?o sejam penalizadoras dos rendimentos do trabalho.
4. O debate que vai ter lugar na Assembleia da Rep?blica em torno da nova Lei de Bases da Seguran?a Social constitui uma mat?ria de transcendente import?ncia pol?tica que vai marcar profundamente a legislatura iniciada h? poucas semanas. Conhecer o que verdadeiramente est? em jogo e se est? a decidir neste debate; compreender o verdadeiro sentido e alcance de orienta??es e medidas propostas, quantas vezes disfar?adas debaixo de uma espessa folhagem t?cnica e de densos enunciados de "princ?pios"; - constituem passos decisivos para convocar a aten??o, a mobiliza??o e a indispens?vel participa??o activa dos trabalhadores e do povo portugu?s no processo de reforma da Seguran?a Social. A passagem de um sistema publico de Seguran?a Social, que nos termos constitucionais "incumbe ao Estado organizar, coordenar e subsidiar", para um sistema misto p?blico - privado, constru?do ? custa da redu??o do sistema p?blico e da redu??o de direitos dos benefici?rios, tal como o PS, o PSD e o PP, ressalvadas as diferen?as, configuram nas sua propostas, n?o s? n?o representaria nenhum progresso como significaria um profundo retrocesso social para os trabalhadores e para a sociedade portuguesa no seu conjunto.N?o surpreender? por isso que, neste contexto, o projecto de Lei de Bases apresentado pelo PCP assente no desenvolvimento de duas linhas fundamentais: a defesa da seguran?a social, enquanto direito social universal e enquanto sistema p?blico que lhe serve de suporte, como est? consagrado na Constitui??o; e a proposta da melhoria e aperfei?oamento da seguran?a social, atrav?s do refor?o da sustentabilidade financeira do sistema e da cria??o de condi??es para a eleva??o do n?vel das presta??es sociais e, em primeiro lugar, das que se encontram mais degradadas.? por isso que, para al?m de muitos outros aspectos, no dom?nio decisivo do financiamento o PCP prop?e o alargamento da base contributiva do regime geral dos trabalhadores por conta de outrem. De forma a acrescentar duas parcelas ?s contribui??es mensais dos trabalhadores e das entidades empregadoras que incidem sobre as remunera??es: a primeira constitu?da por uma contribui??o anual das entidades empregadoras cujo volume de neg?cios ultrapasse um valor a fixar por lei, calculada pela diferen?a de uma percentagem do seu valor acrescentado bruto (VAB) e do somat?rio das contribui??es mensais j? pagas sobre as remunera??es; e a segunda parcela, resultante de uma taxa a incidir sobre as transac??es financeiras realizadas nas bolsas de valores. O projecto do PCP defende tamb?m que o Governo estabele?a e anuncie um plano plurianual de amortiza??o da volumosa d?vida do Estado ao sistema p?blico da Seguran?a Social, e que no caso da defini??o de taxas contributivas inferiores ? taxa social ?nica, ou da concess?o de isen??es ou de outras redu??es de contribui??es para o sistema, o Estado deve transferir anualmente para o or?amento da seguran?a social o montante global dos apoios que concedeu.Anote-se, ainda, em mat?ria de complementaridade, a proposta de desenvolvimento de um regime complementar no seio do pr?prio sistema p?blico de Seguran?a Social, de subscri??o volunt?ria e com presta??es definidas.5. A Seguran?a Social constitui um patrim?nio maior dos trabalhadores e do povo portugu?s.Um patrim?nio social que se encontra amea?ado pelos interesses poderosos do grande capital financeiro, que pretendem utilizar em seu proveito o enorme volume de recursos que as contribui??es dos trabalhadores e das entidades empregadoras representam.Mas um patrim?nio social que pode ser defendido e melhorado, desde que os trabalhadores e os cidad?os em geral se mobilizem massivamente e imponham o respeito por um patrim?nio social que ? seu e pela salvaguarda de um sistema p?blico que constitui o ?nico verdadeiro garante dos seus direitos e das suas leg?timas expectativas sociais.