Embora sendo cedo para avaliar o real alcance das decisões da Cimeira UE-África, e apesar de contradições, é de valorizar a rejeição dos acordos de livre comércio (denominados "acordos de parceria económica") da UE por parte de países africanos.
Com alguma ironia, a rejeição - apesar de todas as inadmissíveis pressões e chantagens da UE -, destes denominados "acordos de parceria económica" por parte de países africanos representa um verdadeiro exemplo do que, afinal, deverá ser a badalada "boa governação", tão propalada pela UE. Isto é, a assunção e a defesa por parte de um Estado do controlo da sua economia.
Para nós, uma efectiva cooperação para o desenvolvimento exige o respeito da soberania nacional, da independência política e económica, do direito de cada povo a decidir do seu presente e futuro, de definir e construir o seu Estado e o seu projecto de desenvolvimento. Tal solidária cooperação é incompatível com objectivos e visões, mais ou menos dissimuladas, de ingerência, de exploração e pilhagem de recursos e de domínio político-económico.
Foi afirmado que a Cimeira UE-África virou uma "nova página", pela nossa parte continuaremos a intervir para que nela não continuem a ser (re)escritas as ambições neocolonialistas da UE e das suas grandes transnacionais.