Intervenção de Inês Branco, Direcção da Cidade do Porto , XXII Congresso do PCP

Crianças e pais com direitos

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Camaradas,

O desenvolvimento de um país não pode ser desligado do investimento que fazemos no nosso futuro e nas nossas crianças.
Estamos longe de garantir todos os direitos às crianças, todos esses direitos que fazem parte de um projeto de sociedade de progresso

Queremos que as mães e pais do nosso país possam viver o crescimento dos seus filhos, e isso implica ter um salário digno, um vínculo permanente, boas condições e horários de trabalho estáveis, acesso a habitação, creche, escola, serviços de saúde, transportes.

As crianças são as primeiras vítimas do ataque que o capital faz aos seus pais no local de trabalho:

A pobreza quando chega a casa, chega ao prato dos filhos;
Os horários desregulados, desregulam os horários das crianças – com todas as graves consequências que isso comporta;
Os problemas no acesso ao SNS e a tantos cuidados de saúde – como o dentista, a saúde mental, e outros cuidados – continuam a ser só para alguns;
O ataque à Escola Pública, de Abril, continua a ser um ataque aos filhos de quem trabalha e são os filhos das famílias  com mais dificuldades económicas que têm maiores obstáculos no acesso à creche e ao pré-escolar – com casos gravíssimos de quem não consegue arranjar emprego porque não tem creche para os filhos e não consegue receber o subsídio pela mesma razão.
A prática desportiva fica vedada a muitas crianças, o direito ao tempo livre e a brincar é desde cedo comprometido pela desregulação dos horários de trabalho porque vivemos num país onde metade dos trabalhadores trabalha durante o fim de semana, à noite, por turnos e até em laboração contínua.
O direito a brincar é limitado pelas horas a mais que as crianças passam na escola, pelo pouco tempo reservado ao recreio e até ao espaço limitado e muitas vezes desadequado que retira às nossas crianças um direito que é basilar no seu desenvolvimento, no estímulo da curiosidade, da autonomia e da criatividade.

Temos visto nos últimos tempos o surgimento de creches abertas durante a noite, como a creche do grupo Auchan na Amadora, e mais recentemente de uma IPSS em Braga que estará aberta até à meia noite e meia, que abre daqui a poucos dias com a lotação esgotada.

A quem servem?

Sabemos quem são os seus promotores, quem são os maiores interessados:
 são os patrões, que assim acham que podem desumanizar ainda mais os horários de quem trabalha.

Mas onde vai parar este ataque à infância?
Alguém consegue realmente achar digno que um bebé esteja numa creche na hora em que devia estar em casa, com a família, e que tenham o direito ao seu descanso, às rotinas e ao afecto, tão importantes nestas fases do desenvolvimento?

Não poderá haver futuro sem garantir o desenvolvimento das nossas crianças, dos nossos adolescentes, da nossa juventude, a maior riqueza de um País.

O PCP luta todos os dias com os trabalhadores e o povo, pela melhoria das suas condições de vida, porque não é possível fazer discursos sobre a família e sobre os direitos das crianças sem garantir os direitos no trabalho e serviços públicos universais

O PCP luta todos os dias para que as licenças de maternidade e paternidade sejam alargadas, que permitam que todos possam ver o crescimento dos seus filhos, para que se criem condições para a amamentação exclusiva até aos 6 meses e que haja horários reduzidos assim que os pais regressam ao local de trabalho.

 

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