Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Aumentos no gás e na electricidade não são inevitáveis e devem ser travados

1. A GALP e a EDP anunciaram para Outubro aumentos brutais no preço do gás,  na ordem de 30 euros mensais ou mais. Pouco depois, foi a EDP a anunciar novos aumentos na Electricidade.

Estes aumentos não são inevitáveis. O aumento do preço do gás e da electricidade nos mercados internacionais deve-se, em primeiro lugar, à especulação em torno do seu preço, cavalgando a política de sanções decretada pela União Europeia e os EUA. A prová-lo está o facto de todas as multinacionais do sector da produção de energia, incluindo a EDP e a Galp, terem tido no primeiro semestre de 2022 lucros recorde de milhares de milhões de euros.

E não só não são inevitáveis como estes aumentos têm de ser travados. A espiral inflacionária alimentada pela especulação com o preço da energia está a provocar uma forte erosão nos salários e nas pensões, a degradação diária das condições de vida e a colocar em risco sectores inteiros da economia nacional.

2. O PCP sublinha que todo este processo é consequência da liberalização e privatização do sector energético com as exactas consequências para o povo e o País,  para as quais o PCP alertou. 

Com a política e a acção do Governo PS, com a promoção das forças reaccionárias PSD, Chega, IL e CDS, os grupos económicos julgam não ter limites para impor a exploração e a especulação. Mas os interesses dos trabalhadores, do povo e do País, não podem estar subjugados aos interesses do grande capital.    

As medidas hoje anunciadas pelo Governo, o mesmo que ontem apelou aos municípios para que aumentem o preço da água a pretexto da seca, fogem ao que de mais decisivo e essencial se impunha optando por medidas isoladas que não passam de paliativos, que não só não respondem à gravidade da situação, como alimentam o saque que os grupos económicos estão a fazer ao País. O que o Governo nega em medidas a sério e eficazes para proteger a população garante ao grande capital a continuada acumulação de lucros e a escandalosa distribuição de dividendos aos accionistas.

É preciso reverter o brutal aumento do custo de vida, recuperar poder de compra perdido, impedir o empobrecimento acelerado que se está a verificar e a degradação da situação económica.

3. O PCP reafirma que é absolutamente indispensável o imediato estabelecimento de preços máximos para o gás e a electricidade, que travem e invertam a escalada de preços. É igualmente urgente repor o IVA da electricidade nos 6% e colocar o IVA do gás no mesmo valor. E, simultaneamente, assumir que as empresas que estão a lucrar com a especulação devem ser objecto da aplicação de impostos extraordinários. 

O PCP reforça a necessidade destes aumentos serem travados, tão mais inaceitáveis quanto a perda de poder de compra a que a maioria da população está sujeita, e apela aos trabalhadores e ao povo português que intensifiquem a luta pela valorização dos salários e das pensões, pela regulação dos preços, pelo desenvolvimento e a soberania nacionais.

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