Camaradas e amigos,
Comemorar cem anos de Carlos Paredes é celebrar o homem, o músico e o militante comunista; é celebrar a sua música, a sua música como espaço de intervenção política, a sua forma de estar na vida e o seu pensamento estético.
É daqui que partimos para estas comemorações sob o lema “O Povo e uma Guitarra”. O povo, que tanto enformou a música de Carlos Paredes e que nesta encontra expressão (como o próprio afirmou em diversos momentos), o mesmo povo que é simultaneamente o destinatário da sua obra; e uma guitarra (a sua) que materializa a resistência, a liberdade e a criatividade através da criação artística e da interpretação musical.
Estas comemorações não são um mero exercício de memória. Pelo contrário, além de celebrarem Paredes e a sua música, contribuirão para aprofundar o conhecimento sobre o homem, sobre a obra e o pensamento, ainda tão escasso, e para dar voz a novas e criativas abordagens de compositores e instrumentistas que criaram em estreito diálogo com a música do virtuoso da guitarra portuguesa.
A sua música continua a ressoar nas novas gerações de músicos, inspirando novas criações artísticas e sendo fundamental para o ensino da guitarra portuguesa. A sua capacidade de pôr em diálogo diferentes linguagens musicais, de conjugar a música popular e a inovação estilística, na senda de outros músicos comunistas, faz com que ainda hoje a guitarra portuguesa seja um símbolo da nossa identidade cultural, mas também um veículo para a criação e a transformação.
As comemorações terão início já na 48ª edição da Festa do Avante!, onde o concerto sinfónico contará com uma homenagem a Carlos Paredes a partir de composições para orquestra de Francisco Tavares, Luís Cardoso e Tiago Derriça interpretadas pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa, sob a direção do maestro Vasco Pearce de Azevedo e a maestra convidada Constança Simas e solista Paulo Soares. Mas homenagear Paredes não pode deixar de contar com a Luísa Amaro (que também fará uma intervenção musical nesta sessão), e na Festa do Avante! atuará em conjunto com a guitarrista Mafalda Lemos e o clarinetista Gonçalo Lopes no concerto intitulado “Sons de Guitarra para Carlos Paredes”. Ainda na Festa, haverá um painel expositivo no Espaço Central.
Durante o mês de Fevereiro de 2025, organizaremos um seminário com o objectivo de aprofundar o conhecimento sobre o homem e sobre a música e o pensamento estético, ainda largamente por estudar. Para esta sessão, contaremos com o apoio do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança e de outros especialistas que partilharão os seus contributos e reflexões. Deste seminário resultará uma publicação que contribuirá para a literatura sobre Carlos Paredes, sobre a música portuguesa das últimas décadas e sobre a concepção de cultura dos comunistas.
Em Abril de 2025, realizaremos também um concerto em homenagem a Carlos Paredes. Este evento reunirá músicos de diferentes gerações, que se inspiraram na sua obra e que continuarão a levar a sua música para novos públicos. Será uma celebração da sua arte e de como as suas criações continuam a inspirar novas formas de expressão.
Mais do que uma simples homenagem, este concerto será um acto de continuidade. A sua música, que tanto enalteceu o povo e as suas lutas, continuará a ser redescoberta por aqueles que a interpretam e a renovam, e por aqueles que a escutam.
A estas grandes iniciativas somar-se-ão outros momentos, a desenvolver pelas organizações regionais do Partido, num incentivo à descoberta da música, do homem e do militante comunista que faria cem anos a 16 de Fevereiro de 2025.