Permitam-me que em nome do meu Partido e da Coligação Democrática Unitária, saúde todos os presentes e dirija uma palavra muito especial a todos os independentes que nos honraram aceitando fazer parte da lista que hoje apresentamos ao país, bem assim como a todos aqueles e aquelas que já nos fizeram chegar o seu apoio e disponibilidade para connosco intervirem na importante batalha que vamos travar.
Permitam-me também que desde já saliente a significativa presença de mulheres nesta lista da CDU ao parlamento Europeu, que conta como 1º nome a camarada Ilda Figueiredo, e que tem nos dez primeiros nomes 5 mulheres, que conta com cerca de 50% de mulheres entre efectivos e suplentes. De facto, dos 33 candidatos 16 são mulheres, com provas dadas, e com grande prestígio nos diversos domínios da sua intervenção.
Quando o PS avançou com a sua proposta de lei das quotas, para no essencial cobrir as suas inaceitáveis posições, nomeadamente na redução do horário de trabalho semanal máximo para as 40 horas, na reposição da idade da reforma das mulheres de 65 para os 62 anos e na luta pela despenalização da interrupção voluntária da gravidez, o PCP não resumiu a sua posição a um simples não à proposta do Governo. Reconhecemos que a questão era polémica e afirmámos solenemente que sem esquecer os problemas e condicionantes de fundo, a nossa posição comportava convictamente a ideia de que caberia aos partidos darem sinais e testemunhos de que queriam promover avanços na participação feminina na vida política que, por sua vez, favorecessem uma dinâmica de mais largo fôlego.
Que a nossa proposta era a da passagem do terreno da imposição autoritária por lei para o terreno da responsabilização e empenho voluntário dos partidos.
Que era a proposta da passagem do terreno da imposição administrativa para o terreno – seguramente eficaz – da pressão dos movimentos de opinião e da sanção ou prémio em termos eleitorais.
E que por isso o PCP se comprometia publicamente a assegurar um significativo reforço da participação de mulheres nas listas, o que corresponderia obviamente a uma percentagem superior à que a proposta de lei do Governo (25%) pretendia impor para as eleições deste ano e de 2003.
Desafiamos então as outras forças políticas a assumirem publicamente compromissos similares, dizendo-lhes que assim se poupavam ao desprestígio de só por imposição de uma lei serem capazes de fazer o que deveria estar ao seu alcance por decisão própria, voluntária e soberana.
Apelamos também a todos os cidadãos e a todos os eleitores, designadamente aos que justamente consideram que é necessário aumentar a participação das mulheres na vida política, para que acompanhassem a forma como os diversos partidos concretizariam ou não, os compromissos que assumirem, integrando também este elemento no processo de formação da sua opção de voto.
Hoje podemos dizer com alegria que honrámos o nosso compromissos. É mais um testemunho da nossa coerência e da nossa luta empenhada pela intervenção em igualdade.
A nossa lista conta também com destacados cidadãos da cultura, dos movimentos sociais, do movimento sindical e do mundo do trabalho, com um destacado militar do 25 de Abril e também como sabem, com o nosso camarada José Saramago.
E conta, dando uma profunda garantia de um trabalho empenhado, experiente e de grande qualificação, como já aqui referiu a Ilda Figueiredo, com os camaradas que ao longo destes anos asseguraram a representação do PCP e da CDU, no Parlamento Europeu, em defesa dos interesses nacionais e de uma Europa de paz e solidariedade, os camaradas Joaquim Miranda, Sérgio Ribeiro e Honório Novo.
É uma lista para, como nos disse a Maria Rosa Colaço na sua saudação, eleger nomes que têm um passado de convicções e verticalidade, de lutas persistentes, gente que sempre, (...) acreditou, nesses valores eternos, que são o rosto claro do Homem, de todos os homens que povoam e habitam os lugares de esperança e fraternidade possíveis.
Lista de homens, mulheres e jovens que não perfilham a ideologia dos dois pesos e duas medidas, que não fazem dos direitos do homem um instrumento ao serviço dos interesses das classes dominantes ou dos directórios das grandes potências, que combatem com a mesma firmeza a brutal repressão dos Curdos pelo governo turco e os massacres em Timor, como condenam os bombardeamentos na Jugoslávia, o uso dos kossovares como carne para canhão e que defendem a negociação política com o regresso pacífico dos albaneses ao Kosovo e a sua autonomia, com respeito pela soberania e integridade da Jugoslávia.
Homens, mulheres e jovens que conjuntamente com outras forças progressistas tudo farão para que a Europa tenha outro rumo, com as suas raízes não na barbárie da Europa da inquisição, do nazi fascismo e da guerra, mas na Europa das luzes, do movimento popular e sindical, da Revolução Francesa e da Revolução de Outubro, que tenha por centro e finalidade o Homem; uma Europa com o respeito, a valorização e o diálogo das culturas, uma Europa aberta aos terceiro mundo e aos povos do Sul. Uma Europa de efectiva coesão económica e social.
Uma Europa com uma grande dimensão ambiental e com uma grande dimensão social e de solidariedade.
À beira das eleições para o Parlamento Europeu muitos são os que não perderam o seu inconformismo, a sua capacidade de indignação face à hipocrisia, ao jesuitismo, às injustiças de uma política assente nos dogmas do neoliberalismo.
São muitos os que pensam que o PCP e a CDU são forças que honram os seus compromissos que muitas vezes sozinhos sabem dizer não ao belicismo, revitalizar esperanças, erguer bandeiras e assumir sem equívocos a defesa das grandes causas sociais, da sociedade e da civilização.
E é bom saber e ouvir que o PCP e a CDU são forças necessárias e imprescindíveis e que temos razão.
Queremos também dizer a todos esses que naturalmente ficamos muito honrados, mas se querem que a sua voz tenha mais força em Portugal e na Europa, é também necessário que na altura da votação nos dêem a força do seu voto.
É com confiança que travamos esta batalha e sobretudo com o sentimento de que temos cumprido perante o nosso povo e o nosso País e é com grande determinação que travaremos a luta por um Portugal de progresso e justiça, numa Europa de paz e cooperação.