Começo esta intervenção tentando trazer para este debate toda a revolta e indignação que se vive em muitos dos nossos países. São as revoltas dos trabalhadores com trabalho precário e mal pago, de milhões de mulheres e jovens a quem está a ser negado um emprego com direitos, um salário digno e cujo futuro está hipotecado às políticas crescentemente neoliberais, que apenas visam maiores ganhos, maiores lucros para os mesmos de sempre.
Infelizmente, este relatório não vai ao fundo destes problemas. Não analisa as causas do elevado desemprego, as verdadeiras razões da perda de mais de 3,5 milhões de empregos, nestes dois últimos anos, e a previsão de perda de mais de 2,5 milhões de empregos nos próximos anos. Limita-se a imputar as culpas à crise, sem cuidar que as políticas do Pacto de Estabilidade, da livre concorrência, das liberalizações e privatizações, da flexibilidade laboral contribuíram para criar e agravar a crise.
Assim, apesar de um ou outro ponto positivo, a maioria são meros paliativos, simples aspirinas para o cancro das políticas capitalistas anti-laborais e anti-sociais que alastram na União europeia. Hoje, há milhões de pessoas altamente qualificadas que estão no desemprego.
Por isso, o mais urgente é pôr fim ao encerramento em série de empresas, à deslocalização de multinacionais, à destruição de sectores industriais e agrícolas, ao ataque aos serviços públicos e às PME.
Por isso, o mais urgente é acabar com as políticas ditas de austeridade, os programas de agressão aos trabalhadores e aos povos, como na Grécia e em Portugal. Sem isso, não teremos agenda para novas competências e novos empregos.