Se perguntarem aos estudantes e professores o que mais se alterou com o Processo de Bolonha no Ensino Superior, a maioria vos dirá: os custos do ensino superior aumentaram imenso para os estudantes e suas famílias, ao mesmo tempo que diminuiu a qualidade dos currículos, pela diminuição do período de cada ciclo. Em suma, hoje, um estudante que não tenha capacidades financeiras para pagar as altíssimas propinas de um segundo ciclo, e partindo do princípio de que terá dinheiro para suportar os custos do primeiro ciclo, terá sempre um nível de qualificações que o coloca em desvantagem na procura de emprego, que o atira quase inevitavelmente para a precariedade. O processo de Bolonha elitizou o ensino superior, agravou as desigualdades entre estudantes, colocou as grandes empresas na direcção das instituições, em prejuízo da representação dos estudantes e outros membros da comunidade universitária.
Nada disto é necessário para que haja cooperação entre instituições e mobilidade dos estudantes. O que é necessário é que os governos invistam numa educação pública, gratuita e de qualidade para todos, apoiando sobretudo os estudantes com menos recursos. O que é necessário é que a UE deixe de pressionar os seus orçamentos, inviabilizando esse objectivo.