Intervenção de Alexandra Pinto, Membro do Comité Central, XXII Congresso do PCP

A luta na EFACEC

Falar da Efacec é falar de uma empresa estratégica e prestigiada para a economia nacional. É falar de um Grupo que já foi público, por mais que uma vez, e que foi privatizado, várias vezes, com desastrosas consequências para a empresa, para os seus trabalhadores, para a região Norte, para toda a Indústria e para a economia nacional.

 O que a ação dos Governos do PS, com o apoio do PSD, CH, IL veio a demonstrar, é que nunca nestes processos esteve em causa o interesse nacional e a salvaguarda da empresa e dos postos de trabalho, apenas o uso do Estado para salvaguardar posições de acionistas privados e prosseguir o rumo de desmantelamento do aparelho produtivo nacional.

Só assim se explica que o Estado pague, mas não comande. Que durante 3 anos a empresa tenha estado a perder recursos e trabalhadores. Que o Estado não tenha colocado nenhum administrador na empresa. Que não se aceitasse encomendas por falta de matéria-prima – porque em rigor nunca faltou trabalho à EFACEC.

Camaradas,

A Efacec só sobreviveu, porque durante 3 anos os trabalhadores lutaram e exigiram aquisição de matéria-prima para o normal funcionamento da produção.

Sim camaradas, os trabalhadores foram para a frente da empresa dizer que queriam trabalhar. Porque são trabalhadores experientes, altamente qualificados e empenhados na sua defesa e na defesa dos postos de trabalho.

 Há sensivelmente um ano, ouvimos o ministro da economia, após a privatização da Efacec, dizer “ que era um dia feliz para a economia portuguesa”.

 Passou um ano. E passado um ano, assistimos ao encerramento de várias áreas de negócio como por exemplo: Ambiente.

Foi um ano a segmentar a produção e a estrutura empresarial com impactos que põem em causa o futuro da empresa, dos trabalhadores e com consequências graves para o desenvolvimento industrial do país.

Passou um ano, e mais de uma centena de trabalhadores foram despedidos alegando o mútuo acordo – mas que de mútuo só tem a ameaça, chantagem e exclusão dos trabalhadores.

Sim camaradas, estes trabalhadores, altamente qualificados, empenhados no desenvolvimento do país, que colocavam Portugal em certos domínios na rota da mais avançada tecnologia hoje não têm trabalho, na sua área, em Portugal.

Camaradas,

O PCP esteve sempre lá, junto dos trabalhadores, entre as guerras dos acionistas. Na denúncia de falta de investimento. Na recusa de encomendas por falta de matéria-prima. No momento da reprivatização a afirmar que a Efacec tem de ser pública, porque essa é a única garantia que salvaguarda o interesse nacional e defende os trabalhadores. E hoje continuamos a denunciar que na EFACEC foi cometido um crime económico e que quem foi prejudicado com esta situação foram os trabalhadores e foi o nosso país.

Assumimos o nosso papel de vanguarda, a dar a força e a confiança que aqueles trabalhadores merecem. Mas também porque o povo português tem direito a saber o que aconteceu na gestão deste processo e que decisões foram tomadas em seu nome e contra os seus interesses.

Mas sobretudo, dizer aos trabalhadores que não estão sozinhos nesta luta, em defesa dos seus postos de trabalho, dos seus direitos e da empresa onde trabalham. Podem sempre contar com o PCP.

O PCP não vai desistir da EFACEC e não vai desistir dos seus trabalhadores. O PCP não vai desistir de denunciar o crime económico e de exigir que esta empresa estratégica seja colocada ao serviço do país.
 
Daqui, do XXII congresso do PCP, queremos dizer aos trabalhadores que continuem a lutar na defesa dos seus direitos, mas também na defesa da Efacec. Por eles, mas também por cada um de nós. Por todos nós. Pelo nosso país, na defesa da produção nacional. E que por entre ameaças, chantagens e medos, esta luta corajosa tem de continuar. Porque a resposta ao medo, será sempre a coragem. E, que nunca se esqueçam, que a nossa coragem é o grande medo deles.

Por isso, a luta tem de continuar na EFACEC e na rua!

 

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  • XXII Congresso do Partido Comunista Português