No conjunto das medidas tomadas nestes anos para reforçar o Partido salienta-se a Resolução do Comité Central «Mais organização, mais intervenção, maior influência – um PCP mais forte», em que se destacam a Campanha Nacional de Recrutamento e a acção nacional de contacto com os membros do Partido para a elevação da militância, actualização de dados e entrega do cartão de membro do Partido, com grande impacto em todo o colectivo partidário.
Foram recrutados, nos últimos quatro anos, 5300 militantes, dos quais 2127 no âmbito da campanha referida. Trata-se de um grande êxito do Partido, traduzido na constituição e reforço de células de empresa, organizações locais e no reforço de organizações e movimentos de massas. E alguns desses novos militantes, como já foi dito, são delegados ao XX Congresso. Uma saudação para todos estes novos militantes!
Depois da prevista redução resultante da acção para esclarecer a situação de cada militante, o Partido conta com 54 280 membros.
Destes, uma larga maioria é operário (39%) e empregado (32%); 15% têm menos de 40 anos, 41% têm entre 41 e 64 e 44% mais de 64 anos. A percentagem de mulheres subiu para 31%.
Existem 2542 organismos, dos quais 354 são de empresa, local de trabalho ou sector, e 616 de locais de residência.
Temos estado a falar, camaradas, do primeiro significado da organização, que abarca os problemas e tarefas como o recrutamento, a estruturação, os órgãos do Partido, os organismos e as organizações e suas competências e responsabilidades.
Mas como a organização não é um fim em si mesmo, mas sim um instrumento para intervir sobre a realidade que queremos transformar, num segundo significado mais lato abarcamos toda a actividade partidária. Organização significa definição de objectivos e acções a realizar. Calendarização dos actos e etapas da sua concretização. Mobilização e distribuição dos recursos necessários. Distribuição de tarefas, sua direcção e execução. Neste segundo significado, organização é sistematização, é método, é eficácia.
E coloca o Partido, de forma organizada, fora dos Centros de Trabalho, nas empresas e na rua, informando e aprendendo com os trabalhadores e o povo, dinamizando a sua luta, que, pela ruptura que provoca, pela confiança que transmite e pela fantástica força transformadora que transporta, é o elemento essencial para alterar a situação política a favor dos trabalhadores, do povo e do País.
No projecto de Resolução Política destacam-se, entre outras, as seguintes linhas de reforço do Partido:
- A realização de uma grande acção de recrutamento e adesão de novos militantes. Teremos de falar com milhares de portugueses e fundamentar a importância da sua adesão ao Partido. E temos muitos argumentos, camaradas!
- E a elevação e valorização da militância.
– Como elemento de reforço agregador e de compromisso com o Partido.
– Como factor de realização pessoal de cada militante.
– E como elemento fundamental da força do Partido.
Camaradas, com base num certo espírito de organização que existe no Partido, por vezes perguntamos a um camarada: qual é a tua organização? Devíamos também passar a perguntar: qual é a tua tarefa no Partido? E podemos começar já aqui no Congresso!
Atribuir a cada militante uma tarefa e um organismo onde possa prestar contas dessa tarefa é, por isso, essencial para tornar o Partido mais forte e com maior capacidade de intervenção.
E se um camarada tem três horas por semana para dar ao Partido, há que arranjar tarefas de acordo com essa disponibilidade.
Pensar o trabalho de direcção para responder a esta exigência é tarefa de todos os organismos.
Penso, camaradas, que nenhum de nós tem dúvidas. Indo por aqui, vamos alargar muito a força organizada do Partido.
Reforço da organização e intervenção do Partido junto da classe operária e dos trabalhadores é a principal prioridade do trabalho partidário. Entretanto, são muitas e diversas as dificuldades objectivas que nos condicionam. O desemprego, a precariedade, a repressão, os baixos salários, entre outras. Mas são apenas isso, dificuldades, não são impossibilidades. E partindo das condições concretas, há que recrutar mais trabalhadores para o Partido, criar células de empresa e responsabilizar mais quadros por este trabalho.
A par destas e de outras medidas a dinamizar de imediato, deve ser concretizada uma grande acção nacional sobre o Partido nas empresas e locais de trabalho.
As organizações de base local têm grande importância na actividade geral do Partido e na sua ligação às massas.
Avançámos de forma considerável nesta direcção, mas o que falta fazer ainda é imenso, camaradas.
Há que alargar a dinamização da luta das populações e camadas específicas a partir dos seus problemas e aspirações.
As organizações, quando ligadas ao meio de onde emergem, à vida, ao novo, alargam o prestígio do Partido, são alimentadas pela contagiante força transformadora e alegria da luta e aí encontram os novos militantes, os quadros, as energias, a inspiração e os recursos tão necessários à luta que travamos.
A ligação às massas é, por isso, o alimento sem o qual o Partido não vive de forma saudável.
Identificar e arredar da vida das organizações os bloqueios que as impedem de avançar de forma mais decidida na ligação ao povo é, pois, tarefa prioritária de todo o Partido.
A este propósito, no Rumo à Vitória, o camarada Álvaro Cunhal deixou-nos este ensinamento. Passo a citar: «Sem organização podem fazer-se coisas, mas não se podem lançar grandes lutas, dar-lhes continuidade, elevá-las a um nível superior». Fim de citação.
O povo português precisa e espera que no imediato dinamizemos a sua luta pela resolução dos seus problemas e aspirações. E para isso precisamos de mais organização.
Os operários e os restantes trabalhadores precisam e esperam que o Partido dê mais força à sua luta contra a exploração e a opressão. E para isso precisamos de mais organização.
Temos de elevar a luta a níveis superiores para concretizar a Política Patriótica e de Esquerda e a Democracia Avançada. Parte integrante da sociedade socialista que havemos de construir. E para isso precisamos de mais, mas mesmo muito mais organização.
Todos sabemos que o grande capital não tem medo da luta, tem medo, sim, da luta organizada.
E por isso coloca todo o seu poderoso arsenal político, orgânico e ideológico ao serviço de um objectivo. Destruir o Partido e a sua organização para melhor poder explorar os trabalhadores e o povo.
Certamente estareis de acordo que daqui do nosso Congresso afirmemos, com toda a determinação: tirem o cavalinho da chuva! Os trabalhadores, o povo e este grande colectivo não vão permitir que este Partido seja destruído! E vamos reforçar ainda mais a nossa organização, tornar o Partido mais forte e mais ligado às massas, para dar mais força à luta que nos vai guiar neste objectivo difícil, sim, mas generoso, profundamente humanista e revolucionário. Levar a felicidade a casa dos portugueses.
Viva a Organização do Partido!
Viva o Partido Comunista Português!