A situação nacional está marcada pela demissão do Primeiro-Ministro, precipitada pelas investigações judiciais envolvendo o actual Governo. Investigações sobre as quais é preciso garantir a rápida clarificação e o apuramento de todas as responsabilidades com todas as consequências que daí decorram.
Mas ainda a propósito destes acontecimentos bem podem alguns vir agora de forma oportunista falar de promiscuidade entre o poder económico e político.
Mas o que é extraordinário é que das suas bocas não se ouve uma única afirmação, uma única palavra que seja, sobre os fundamentos e as causas dessa mesma promiscuidade, o centro da corrupção - o sistema económico assente na acumulação capitalista.
Aliás, não se ouve desses agora indignados uma palavra, uma única palavra sobre o maior foco de corrupção, o centro das negociatas que foram e são as privatizações.
Sobre isso, de PS, PSD, CDS, Chega e IL, nem um pio, um silêncio absoluto, um silêncio cúmplice e revelador da sua convergência plena, com estes autênticos crimes económicos e financeiros, e cuja avaliação está muito para lá da mera apreciação política.
Por muito que tentem distrair, por mais factos que se possam criar, a verdade é que a demissão do Primeiro-Ministro e a queda do Governo são inseparáveis da sua política, uma política que não dá respostas aos problemas que a maioria da população e o País enfrentam, ao mesmo tempo que abre todas as portas ao aumento dos lucros e à concentração da riqueza nos grupos económicos e financeiros.
E este é um elemento central de avaliação da actual situação.
Uma situação de injustiça e desigualdades crescentes que leva à frustração de expectativas e à justa luta dos trabalhadores e do povo.
Os trabalhadores e o povo estão confrontados com a crise política, mas acima de tudo enfrentam, e há muito, a crise nas suas vidas, enfrentam, e há muito, as dificuldades crescentes e que não começaram há duas semanas.
Hoje está à vista de todos, tal como o PCP alertou, que o PS pediu estabilidade política e muitos foram os que se iludiram, mas o que o PS queria na verdade era a estabilidade para implementar aquela que é a sua opção de fundo, a política de direita.
Hoje está à vista de todos o que realmente aconteceu há dois anos em torno do dito orçamento mais à esquerda de sempre.
Chantagem e pressão do PS, apoio do Presidente da República, e o País foi para eleições.
O PS teve maioria absoluta e os problemas que precisavam de ser enfrentados, nomeadamente no Serviço Nacional de Saúde, não só ficaram por resolver como hoje estamos na situação em que estamos.
A vida veio desmentir a ilusão que levou muitos a pensar que dar força ao PS funcionaria como seguro de vida, mas a verdade é que o PS não só não foi um obstáculo à política de direita como foi, por sua opção, o seu fiel protagonista.
O mesmo PS que passou dois anos a alimentar e a alimentar-se das forças mais reaccionárias.
E foi pela sua mão, pelo seu Governo e maioria que se intensificou a política ao serviço dos grupos económicos, uma política em convergência com as posições que PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal defendem.
É essa a verdade, por mais que, uns e outros, tentem cinicamente disfarçar.
Uma convergência que resultou numa escandalosa acumulação de lucros por parte das grandes empresas e em dificuldades para a larga maioria da população.
E é neste quadro que o País vai para eleições e que se abre uma oportunidade de abrir caminho a uma outra política ao serviço dos trabalhadores e do povo.
E é mesmo hora de mudar de política.
É hora da política se colocar de uma vez por todas ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País e não, como até aqui tem acontecido, andar ao sabor dos interesses, dos lucros e da riqueza dos grupos económicos.
É hora de aumentar salários e pensões, questão central dos nossos dias.
É hora de salvar o Serviço Nacional de Saúde das mãos do negócio da doença e de responder às justas reivindicações dos médicos, enfermeiros, técnicos, de todos os profissionais e dos utentes.
É hora de uma vez por todas assegurar o direito constitucional à habitação, garantir investimento público e regular o sector económico mais liberalizado da economia.
É hora de responder, olhando para o presente e para o futuro, aos direitos dos pais e das crianças.
É hora de controlar e fazer baixar os preços dos bens essenciais.
É hora de pôr o País a produzir, travar as privatizações e garantir a soberania e o desenvolvimento.
É hora de garantir o direito de todos e de cada um a uma vida melhor.
É hora, não de ficar à espera, mas sim de intensificar a luta dos trabalhadores e das populações.
Uma luta hoje para resolver os problemas de agora, uma luta que se trava hoje para influenciar as decisões de amanhã.
Uma saudação à CGTP-IN e ao movimento sindical unitário, uma saudação à acção e luta nas empresas e locais de trabalho, uma saudação pela resposta que deu no passado dia 11 de Novembro, com a manifestação nacional e que se expressou aqui mesmo nas ruas de Lisboa, uma luta que vai continuar e que terá já no próximo dia 29 mais uma importante jornada frente à Assembleia da República.
Uma saudação que estendemos às populações que aí estão a exigir o que é seu por direito, os direitos que a Constituição da República consagra.
Que ninguém fique à espera, porque se a prestação e a renda da casa, o mês cada vez maior, o custo de vida, a falta de consultas e tratamentos, os medicamentos de que precisamos, se nada disso fica à espera, a luta também não pode nem ficará à espera.
Estão marcadas eleições, vamos a elas.
Aí está uma oportunidade para reforçar o PCP e a CDU.
Podem antecipar todos os cenários possíveis e imaginários.
Mas aquilo que determinará o dia a seguir às eleições é a força e os deputados que o PCP e a CDU tiverem.
Hoje cada vez mais gente já percebeu, por experiência própria, que quando o PCP e a CDU avançam a vida de cada um anda para a frente.
Se assim é, e é, então é do interesse dos trabalhadores e do povo o reforço do PCP e da CDU.
O PCP e a CDU vão crescer, vamos aumentar a votação, vamos eleger mais deputados, iremos tão longe quanto for a vontade do nosso povo.
E isso vai acontecer mesmo contra a vontade daqueles que gostariam que assim não fosse.
Contra a vontade das sondagens, uma operação que procura condicionar e apresentar vencedores e perdedores antecipados.
Essa operação que, para azia de alguns, falhou na Madeira.
Por vontade do povo, a CDU cresceu, teve mais votos e mais percentagem.
Vamos crescer mesmo contra a vontade dos que dão corda à suposta bipolarização.
Que jeito lhes dá apresentar a disputa eleitoral entre esquerda e direita reduzindo tudo à máxima “tudo pela forma, nada pelo conteúdo”.
Mas é em torno do conteúdo da política que se trava o verdadeiro confronto, quais as políticas, e a quem servem essas políticas.
O confronto entre a política ao serviço dos grupos económicos e a alternativa pelos trabalhadores, pelo povo e o País.
O confronto é entre a porta aberta aos 25 milhões por dia de lucros dos grupos económicos e a alternativa pelo aumento geral dos salários para todos os trabalhadores e em particular para os 3 milhões que ganham até mil euros por mês.
O confronto dá-se entre a banca e os seus 12 milhões de euros de lucros por dia e os milhões de pessoas cada dia mais apertados, a fazer todos os sacrifícios para aguentar o seu tecto, a sua habitação e o seu pequeno negócio ou empresa.
O que está e vai estar em confronto é a opção de entregar 8 mil milhões de euros públicos para os grupos privados do negócio da doença e a alternativa de salvar o Serviço Nacional de Saúde, fixar profissionais e responder às necessidades dos utentes.
O confronto está entre a política ao serviço dos 5% mais ricos que concentram 42% da riqueza criada e o dia-a-dia da vida difícil dos 2 milhões que estão na pobreza, centenas de milhar de crianças e dos 72% dos reformados com pensões abaixo dos 500 euros.
O confronto está aí entre as criminosas privatizações e o controlo público de instrumentos estratégicos de soberania e pela produção nacional.
O confronto é e será entre as contas certas de uns poucos e a incerteza na vida de todos os dias de muitos.
É esta a verdadeira bipolarização que está em jogo.
O confronto entre a alternativa patriótica, ao serviço que está do País e do seu desenvolvimento, a alternativa de esquerda, com os trabalhadores e o povo no centro da sua acção, a alternativa de Abril e da Constituição da República, em confronto com a política de direita que, independentemente dos seus protagonistas de turno, serve por inteiro os grupos económicos.
É para este confronto que estão convocados todos os democratas e patriotas, os trabalhadores e o povo, estão convocados todos os que cá vivem e trabalham, para com a sua acção, a sua luta e também com o seu voto na CDU exigirem o caminho da alternativa, o nosso caminho, o caminho de Abril.
Do outro lado estão os outros que, para lá de diferenças que têm, e dos diferentes salvadores e profetas que apresentem, estão, como demonstram as suas opções, ao serviço dos interesses dos grupos económicos e financeiros.
E é por isso que querem que passemos a vida a comentar tudo menos o conteúdo da política.
Não contem com o PCP para alimentar ilusões, as ilusões não pagam as contas e só servem para manter tudo tal como está.
Não se espere nada que possa vir do PS para combater verdadeiramente as desigualdades.
E se dúvidas houvesse, estes últimos dois anos foram reveladores das suas opções e a quem servem.
Opções de fundo que contam com o aplauso de PSD, CDS, Chega e IL.
O único voto útil é na CDU, o voto que combate a direita e a sua demagógica voz grossa mas que pia fininho com os donos disto tudo, o voto que dá de facto combate às forças e projectos reaccionários e aos que cinicamente se dizem contra o sistema mas são o pior que há do sistema capitalista.
O voto para o caminho de que o País precisa, o caminho que deve ser e tem de ser ao serviço dos trabalhadores e do povo.
Para este combate, o PCP e a CDU nunca faltarão como nunca faltaram em nenhum momento da nossa história.
É para este confronto que estão convocados todos os democratas e patriotas, os trabalhadores e o povo, todos os que cá vivem e trabalham.
Estão convocados para fazerem uma opção, a de manter o controlo disto tudo nas mãos dos grupos económicos ou abrirem o caminho que dê resposta aos seus problemas e à vida melhor a que temos direito.
Estamos com muita confiança para esta batalha eleitoral.
O PCP e a CDU vão crescer, vão reforçar, vão concretizar o sinal de esperança para os trabalhadores, as populações, os democratas e para todos os que cá vivem e trabalham.
Confiança de quem está, todos os dias, junto e com os trabalhadores, as populações, intervindo sobre os seus problemas.
O voto do trabalhador vale tanto como o do patrão da sua empresa, mas pode valer ainda mais se o seu voto não for colocado no mesmo saco que o voto do patrão.
O voto de cada um de nós, vale tanto como o do accionista da banca, mas valerá muito mais se não for atribuído a partidos que garantem os milhões da banca à custa dos trabalhadores e do povo.
O voto de cada utente vale tanto como o do dono de qualquer grupo privado do negócio da doença, mas valerá ainda mais se não for parar ao bolso dos partidos que querem, na prática, desmantelar o SNS.
É preciso romper com a política em curso, é preciso combater as suas causas, os responsáveis, e denunciar todas e cada uma das formas que procuram manter e agravar o estado das coisas.
Este combate tem que ser dirigido para a causa funda da razão dos problemas e dificuldades de milhares de pessoas empurradas para o desespero e para falsas saídas.
Um combate dirigido à injustiça e às desigualdades cujo centro está na exploração e na imposição dos interesses dos grupos económicos e financeiros e na política que lhes dá corpo.
Os que fazem muito barulho e enchem o peito de supostas verdades, na verdade o que querem é que olhemos para o vizinho, para o colega de trabalho, para quem nos cruzamos nos transportes, e os apontemos como responsáveis da situação, querem que acusemos tudo e todos menos os reais responsáveis, o sistema e os interesses dos grupos económicos, a exploração, os lucros, a injustiça e as desigualdades.
Portugal tem futuro.
Há forças, há meios, há recursos e há gente séria e honesta, com vontade e capacidade de construir a alternativa que eleve as condições de vida dos trabalhadores e da população e assegurar a soberania e o desenvolvimento do País.
Queremos e vamos levar por diante a vida melhor pela qual lutamos, uma vida melhor para os trabalhadores, uma vida melhor para os povos do mundo, com destaque para o povo palestiniano que é alvo de um autêntico massacre.
Um crime que se desenrola ao sabor de silêncios cúmplices, da hipocrisia e do cinismo.
Cessar-fogo, fim da guerra, cumprimento das resoluções das Nações Unidas, reconhecimento e concretização do Estado palestiniano, é isto que se exige e nada menos que isto.
Aqui estamos, por essa Palestina que vencerá, aqui estamos como estão milhões e milhões por todo o mundo, incluindo em Israel.
Aqui estamos todos os dias e estaremos no próximo dia 29 na concentração no Martim Moniz.
Aqui estamos, aqui está o PCP, o Partido que marca a diferença; que está, em todos os momentos, ao lado dos trabalhadores e do povo; que defende e afirma os interesses nacionais; que enfrenta com coragem chantagens e pressões; que defende o regime democrático e os valores de Abril para o qual deu uma contribuição ímpar.
Um Partido onde os seus eleitos são uma garantia de trabalho, honestidade e competência; que não confunde factores de dispersão com os problemas reais dos trabalhadores e do povo; aqui está o PCP que combate com coerência as forças e concepções reaccionárias e a política de direita que as promove; que recusa a mentira e a demagogia; que defende e luta pela paz; o Partido portador do projecto e o ideal de uma sociedade nova livre da exploração capitalista, o socialismo.
Aqui estamos, como sempre, a construir e afirmar o PCP como força indispensável e insubstituível na luta por um Portugal com futuro.
É assim que somos, é assim que estamos e vamos continuar a responder aos desafios que aí estão.
E são muitas as tarefas que temos pela frente.
Mas tal como este magnífico Comício revela, aqui há força e determinação, aqui há empenho e militância, há projecto, há força, há sonho e há razão.
Peguemos nisso tudo e vamos com confiança para a frente, vamos fazer uma grande acção de contacto e de mobilização.
Uma grande acção de contacto que valerá mais pelas conversas e esclarecimentos que fizermos do que pelo número de documentos que vamos distribuir, uma acção onde cada um de nós é um militante do esclarecimento e mobilização que se impõe.
Este extraordinário colectivo, de homens, mulheres e jovens, esta obra colectiva com esta capacidade única.
Vamos para a frente com confiança, com determinação e com alegria.
Quem luta pela Paz, quem luta pela elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo, só pode estar com confiança, só pode estar de cara levantada.
Encaremos a batalha eleitoral como uma oportunidade para reforçar o Partido e a luta de massas, elementos determinantes para a mudança de políticas que o País precisa.
Essa mudança que nos 50 anos do 25 de Abril se impõe, concretizando todos os dias as suas conquistas e projectando os seus valores no futuro de Portugal.
Viva a CDU!
Viva a JCP!
Viva o PCP!