Intervenção de Paula Santos na Assembleia de República

A vitória do candidato António Costa nas eleições primárias do PS

Sr. Presidente,
Sr.ª Deputada Ana Catarina Mendonça,

Saúdo-a pela sua intervenção e queria dizer-lhe que não nos pronunciaremos em relação ao que diz respeito à vida interna do Partido Socialista.

Também lhe queria dizer que todo este processo do Partido Socialista trouxe para cima da mesa uma perspetiva errada para os portugueses, porque distorce o momento das eleições legislativas. Nas eleições legislativas, quando os portugueses votam, estão a eleger Deputados e não estão a eleger nenhum Primeiro-Ministro. Não há nenhum candidato a Primeiro-Ministro.

Sr.ª Deputada, neste momento, os portugueses querem saber — seria importante que o dissesse — quais são os compromissos que o Partido Socialista assume.

Perante a situação em que o País se encontra, perante a situação de extremas dificuldades das famílias, dos trabalhadores, dos reformados e dos jovens, é urgente uma rutura com a política de direita.

A Sr.ª Deputada disse, na sua declaração política, que o Partido Socialista se assume como uma alternativa e não como uma alternância. Seria importante, então, que pudesse concretizar que alternativa é essa que o Partido Socialista propõe ao País e aos portugueses, porque o que temos tido nos últimos anos, de facto, tem sido uma alternância.

O povo reclama o fim desta política, reclama uma política que defenda os interesses do País, os interesses das populações e que promova o desenvolvimento e o progresso social.

A questão que se coloca é a seguinte: que perspetiva é que os portugueses podem ter para essa mudança política? Essa mudança política tem de ser, como o PCP caracteriza, a de uma política patriótica e de esquerda. E essa política patriótica e de esquerda faz-se de opções concretas.

Gostávamos de ver esclarecido este conjunto de questões: que compromissos é que o PS assume, tendo em conta a necessidade urgente de renegociação da dívida nas taxas, nos montantes, nos prazos e nas condições de pagamento? Que compromissos é que o PS assume perante a exigência da suspensão e da revogação do tratado orçamental?

Que compromissos é que o PS assume perante a necessidade urgente de repor salários, pensões e prestações sociais que foram cortadas? Que compromissos é que o PS assume perante a necessidade urgente de pôr fim às PPP e de reverter essas responsabilidades para o Estado? Que compromissos é que o PS assume perante milhares de portugueses, nomeadamente no que diz respeito a questões concretas, por exemplo em relação às taxas moderadoras, ao fim da precariedade ou à vinculação de professores contratados?

Estas são questões concretas que importa, neste momento do debate político, serem respondidas para que se possa conhecer, efetivamente, as opções políticas do Partido Socialista.

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