Declaração de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP

Viemos trazer o contraste entre o país dos baixos salários e prestações insuportáveis e o país da estatística

Viemos trazer o contraste entre o país dos baixos salários e prestações insuportáveis e o país da estatística

A primeira ideia que viemos transmitir ao Senhor Presidente foi o contraste do país que tem o problema dos baixos salários, os desafios na habitação, com o aumento das rendas, o aumento das prestações, as dificuldades de acesso aos serviços públicos, nomeadamente no acesso ao Serviço Nacional de Saúde, toda a densidade dos problemas que enfrentam todos os dias, nomeadamente com o aumento do custo de vida e depois o "país dos números", "o país das estatísticas", o país onde "está tudo correr bem".

E talvez a questão até mais decisiva seja exatamente a ideia deste país onde, de facto, tudo corre bem para um punhado de gente, nomeadamente dos grupos económicos, com lucros como há muito não não se via.

A segunda ideia é a de que o país não está condenado a este caminho, não está condenado a este rumo. Que apesar de sermos um país pequeno, é um país rico, um país com meios, um país com gente capaz. E há forças e disponibilidades para pôr o país andar para frente com uma política que obrigará naturalmente a romper com este caminho que está em curso, com uma política da qual o PCP é portador e que dará resposta aos problemas comuns das pessoas, nomeadamente o aumento dos salários, porque é possível e é urgente; no investimento nos serviços públicos, porque é possível e é urgente; para pôr os lucros da banca a pagar o aumento das taxas de juro, porque é possível e é urgente.

E nesta ideia de que é possível e é urgente uma nova política que sirva os interesses dos trabalhadores do povo e que rompa de vez com este caminho de empobrecimento generalizado e que acaba por encaixar e corresponder aos interesses dos grandes grupos económicos e dos seus lucros.

Todos os dias temos provas e demonstrações de que, nesse aspeto, nesse rumo ao serviço dos grupos económicos PS, PSD, Iniciativa Liberal e Chega, alinham perfeitamente. Ainda a semana passada tivemos um exemplo disso.

O Partido Socialista teve e tem uma maioria absoluta e está a utilizar a sua maioria absoluta como poder absoluto. Aliás, basta ver as opções que tem tomado. Tem procurado fazer esta ou aquela operação de simulação de diálogo, mas as nas questões de fundo reflete, decide e implementa. E qual é a questão com que nós estamos confrontados? É que nessas questões de fundo é acompanhado no fundamental pelo PSD, pelo Chega e pela Iniciativa Liberal. É esse o problema com que estamos confrontados.