Como ponto de partida, é necessário afirmar que o advento de uma tecnologia que promova soluções de transporte mais sustentáveis e eficazes e seguras a todos os níveis é um elemento positivo, que não recusamos. A viabilização de soluções elétricas para o sector da aviação enquadra-se nessa perspetiva. No entanto, não acompanhamos que o relatório fale em benefícios e incentivos de mercado para as empresas que desenvolvam projetos de aviação elétrica ou a possibilidade de aumentar os auxílios estatais para este sector em particular (quando para a TAP, por exemplo, a Comissão Europeia só colocou limitações). Ou o apoio explícito à mercantilização do ambiente, ao sugerir que os créditos de carbono pudessem financiar os investimentos na eletrificação da aviação. Mas mais importante para a nossa posição é que, num contexto em que o nível de investimento em transportes públicos e na ferrovia é manifestamente insuficiente, se desvie o foco do investimento para uma solução que visa responder a um número limitado de indivíduos (com um claro recorte de classe) e é limitado para o transporte de mercadorias. Investir, neste momento e como preconizado neste relatório, em aviões elétricos, parece-nos desenquadrado das necessidades de investimento na ferrovia, em transportes públicos e na interoperabilidade dos sistemas de mobilidade.