O interesse dos EUA no urânio empobrecido data dos anos 50, quando se deu conta de que tinha à sua disposição um subproduto, resultante do processo de que se extrai o urânio radioactivo 235, com características muito interessantes: um metal extremamente denso, que deflagra quando penetra no alvo, barato, e disponível em grandes quantidades no país.
As pesquisas e ensaios com este "desperdício nuclear", realizadas nos anos 60 e 70 em diversos locais dos EUA, demonstraram a sua eficácia. Nos anos 80, o urânio empobrecido foi igualmente desenvolvido para utilização nas blindagens de carros de combate.
Comprovada a eficácia, restava saber quais as consequências da utilização do novo produto.
Um manual da U.S. Army Chemical School (Escola de química do exército americano) é bastante claro sobre o assunto: "A mobilidade do urânio empobrecido na água é devida ao facto deste se poder dissolver facilmente. Os compostos solúveis do urânio empobrecido dissolver-se-ão facilmente e deslocar-se-ão com a água de superfície ou com os lençóis friáticos. Beber água contaminada, utilizá-la na limpeza ou qualquer outro contacto com esta água espalhará a contaminação... Após a contaminação do ar e da água, o urânio empobrecido deposita-se no solo. Uma vez no solo, ele fica lá a menos que seja retirado. Por outras palavras, a zona ficará contaminada e não se descontaminará por si própria".
Em Julho de 1990, um relatório do U.S. Army Armament, Munitions and Chemical Command (Comando do exército americano encarregado do armamento, das munições e dos produtos químicos) revelava que o urânio empobrecido é "um emissor de raios alfa de fraca actividade que pode provocar o cancro quando as exposições são internas, a toxicidade provocando por seu lado lesões renais".
Em Março de 1991, uma nota interna da Agência nuclear de defesa americana (U.S. Defense Nuclear Agency) alertava que "as partículas alfa (poeiras de óxido de urânio) dos projécteis disparados são inquietantes para a saúde, mas as partículas beta provenientes dos fragmentos e dos projécteis intactos apresentam um sério risco para a saúde".
Em Agosto de 1993, o U.S. Army Surgeon General's Office (departamento médico do exército) confirmou que "os efeitos físiológicos estimados após a explosão de poeiras de urânio empobrecido incluem uma possibilidade de risco acrescido de cancro (do pulmão e dos ossos) e de lesões renais".
Em Junho de 1995, um relatório do Instituto de política ambiental do exército americano acrescentava que "a dose de radiação infligida a órgãos vitais depende do período durante o qual o urânio empobrecido fica nos órgãos. Quando este valor for conhecido ou calculado, os riscos de cancro e os riscos hereditários podem ser determinados".