Intervenção de Edgar Silva, membro do Comité Central e Coordenador da DORAM, IX Congresso Regional do PCP

Um PCP mais forte e mais influente é do maior interesse para os trabalhadores, para o Povo e para a Região

Um PCP mais forte e mais influente é do maior interesse para os trabalhadores, para o Povo e para a Região

1- A Madeira e o Porto Santo foram vítimas de uma longa história de pirataria. O medo dos corsários que tudo vinham saquear ainda não se apagou da nossa memória colectiva.

Até agora, a maior acção de pirataria perpetrada contra a Madeira remontava a Outubro de 1566. Liderados por Pierre-Bertrand de Montluc, os corsários franceses, tendo-se juntado alguns fidalgos portugueses, desencadearam aquele que foi, até aos nossos dias, o maior saque a estas ilhas. Durante aqueles 16 dias de desgraça, aos invasores quase nada terá escapado, tendo passado a fio de espada tanta gente.

Contudo, a expedição de Montluc fica num plano bem mais inferior face à brutalidade dos actuais corsários que aí estão. A Troika invasora, tal como no séc. XVI, conta com os préstimos de alguns fidalgos colaboracionistas. Não só o PSD e o CDS-PP, não só Passos Coelho e Paulo Portas, em Lisboa, mas outros pequenos fidalgos destas ilhas embarcaram naquele que é o maior roubo ao Povo e à Região. O corso atinge proporções avassaladoras. É que os actuais piratas não programaram uma invasão apenas por 16 dias. Ambicionam prolongar a exploração, o ataque ao Povo, num colossal saque aos recursos e riquezas nacionais. Os corsários de hoje intensificam insultos e roubos, continuadamente, como não há memória.

Oxalá, em breve, se consiga fazer justiça aos fidalgotes degenerados de hoje, tal como, no séc. XVI, foram justiçados como traidores aqueles que terão incentivado Montluc e cooperado no saque corsário.

Oxalá não tarde o dia em que as vítimas do saque de hoje exigirão que se faça Justiça.

2- A “Primavera Marcelista” designou o período de governação de Marcelo Caetano, no qual se criaram expectativas de uma reforma do Antigo Regime em Portugal. O Antigo Regime, para sobreviver, percebeu que necessitava da sua “evolução na continuidade”.

Nos nossos dias e nesta Região, o Jardinismo agoniza. Com ou sem Jardim à cabeça, sem Jardim ou com qualquer um dos candidatos em campanha para a liderança do PSD-Madeira, o regime jardinista do qual todos eles foram e são parte fundamental, é incapaz não só de se regenerar interiormente, como também de responder à insolvência da Autonomia e ao desastre económico-social com o qual a Região se vê confrontada.

As crises no interior do sistema, as progressivas contestações ao regime, as greves, o vasto movimento de protesto e a persistência da luta contra o Fascismo acabaram por ser factores determinantes para o despoletar do derrube do iníquo regime. A Revolução aconteceu!

Já o regime jardinista está ainda longe de estar derrotado. Vive convulsões e fracturas mortais. Mas está distante de colapsar. No entanto, cada vez mais se coloca a exigência de se acelerar a queda do velho regime e, o mais difícil, erguer uma alternativa política e um quadro de políticas alternativas.

3- E existe o perigo do rotativismo e da “mesmidade”.

Não basta que mudem as pessoas. Não basta a mudança de partidos. E a vida tem demonstrado como não basta derrotar a direita. É condição necessária, mas não suficiente, retirar-lhes as maiorias políticas.

Existe o perigo da “mesmidade”, do prosseguir o mesmo com protagonistas recicladores. O prosseguimento do mesmo caminho significará o afundamento cada vez maior da Região. Continuar o mesmo rumo, com esta ou aquela alteração, seguindo a arte de manter a mesmidade por meio de cosméticos de estilo ou de retórica política conduzirá ao completo e absoluto desastre.

Como não podemos aceitar o estreito compromisso de reformismo, porque não nos seria perdoável apenas assegurar a anterior, eventualmente melhorada, prática de governação, é nosso dever pugnar pela ruptura com a política de Direita. A viragem na natureza das políticas, o rompimento com o caminho seguido e nunca a sua continuação apenas revista, faz com que a inversão das prioridades da pirâmide edificada pelos senhorios passe a estar no âmago de um novo projecto transformador. Ganha, portanto, maior relevância a natureza alternativa das políticas.

O PCP propõe um outro rumo e uma outra política que não são só necessários como possíveis.

4- O IX Congresso Regional do Partido.

Estamos no encerramento do Congresso ligado à vida e aos reais problemas do Povo e dos trabalhadores da Região. É um Congresso que nos leva para a vida, e nos projecta para a intervenção, para a iniciativa, para a proposta.

Este Congresso demonstra a unidade e o nosso decidido compromisso para a edificação de um Partido mais forte e mais influente para sermos cada vez mais úteis ao Povo, nas suas lutas, nas suas justas reivindicações, na construção do seu futuro.

Saímos deste Congresso com a consciência de que necessitamos de alargar e elevar a militância. Deste Congresso resulta a afirmação de que para defrontarmos com êxito os desafios que a vida nos está a colocar, para conseguirmos atingir maior força orgânica e maior influência precisamos de trabalhar para superar debilidades de organização, para prosseguir o rejuvenescimento e a renovação do Partido, para o reforço e constituição das organizações de base e a respectiva responsabilização de quadros, tendo mais iniciativa e acompanhamento dos problemas dos trabalhadores e das populações, procurando reforçar a organização partidária nas empresas e locais de trabalho.

Saímos deste Congresso mobilizados e comprometidos à volta de tudo quanto nos é exigido para que tenhamos de um Partido mais forte e mais influente na Região, mais forte para lutar pela emancipação dos trabalhadores, de lutar pela construção de uma nova sociedade liberta da exploração do homem pelo homem.

Sai deste Congresso um Partido que se quer mais forte e mais influente. E a Região precisa de um Partido mais forte e mais influente, porque o PCP é o grande obstáculo à política de direita. A Região precisa de um Partido mais forte e mais influente porque o PCP é a força consequente para a construção da política alternativa. O PCP é a grande força política mobilizadora de vontades, de energias e da luta a favor da alternativa política para a Região. Por isso, um PCP mais forte e mais influente é do maior interesse para os trabalhadores, para o Povo e para a Região.

Viva o IX Congresso Regional!
Viva o PCP!

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