Sr. Presidente,
Srs. Membros do Governo,
Sr.as e Srs. Deputados,
A União Europeia e as suas presidências insistem num projeto de concentração do poder político e de integração capitalista.
A união bancária, que tem dado, aliás, em Portugal, os belos resultados que temos à vista e a incapacidade de o Estado poder decidir sobre o seu próprio sistema financeiro, é apresentada como a solução para um conjunto de problemas, para muitos dos quais já está provado que não só não resolve como agrava.
Qual é solução? Mais união bancária para resolver os problemas que a união bancária até aqui já criou.
A solução da criação e colocação em marcha de um mercado único de capitais, com vista a dar resposta aos grandes grupos económicos que já hoje dominam a União Europeia, é mais um passo de integração, exatamente no sentido da intensificação dos problemas que estão na base das dificuldades que hoje atravessamos e que em Portugal também se sentem.
O mesmo se pode dizer sobre a União Económica e Monetária.
O caminho que é apresentado para resolver os problemas que o euro e a utilização da moeda única colocam já hoje a países que estão na situação de Portugal é o inverso àquele que racionalmente deveria ser escolhido, que é o da intensificação da União Económica e Monetária, pelo que só podemos esperar, evidentemente, que os problemas se agravem, se intensificarmos as medidas que até aqui os geraram.
O que é cada vez mais necessário, Srs. Membros do Governo e Srs. Deputados, é compreender e assumir que o sonho de uma União Europeia de solidariedade e cooperação nunca passou do embuste com que os grandes grupos económicos encantaram os povos para a criação da União Europeia.
A solução está, precisamente, no caminho inverso, na libertação da submissão do País ao euro, no resgate e na recuperação da soberania e da democracia, construída em Portugal para dar resposta aos problemas daqueles que trabalham em Portugal.
Persistir no embuste, nesse engodo de que a União Europeia é um processo de integração entre povos iguais, num regime de solidariedade e cooperação, é continuar a iludir a realidade que está à vista de todos e que em Portugal, particularmente, também tem provocado os danos que tem provocado.
Portanto, não é aumentando e intensificando as medidas que criaram os problemas que estes serão resolvidos.