Não sei se estarei incluído no número dos «trogloditas
saudosistas» que, com esta qualificação de tocante elegância
cívica e apurado rigor intelectual, o dr. António Costa Pinto
entendeu, nestas páginas, terem tido «escassa visibilidade»
em relação às comemorações do 25 de Abril.
Também não sei se estarei incluído na «parte da
esquerda» à qual, ainda segundo ele, terá sido «desagradável»
ver «o centro-direita de cravos a comemorar o 25 de Abril» (sic).
Não devo estar, dado que, seguramente por distracção,
não vi nada da tal coisa desagradável.
Mas a verdade é que o dr. Costa Pinto parece perturbado.
É uma evidência que a esmagadora maioria dos portugueses concorda
que Portugal evoluiu nos últimos 30 anos.
Tal como é igualmente esmagadora a percentagem dos que entendem que
essa evolução apenas foi tornada possível pela Revolução
dos Cravos.
Claro que o comissário Costa Pinto e o tal centro-direita comemorante
não tiveram nada a ver com a revolução e estamos conversados
quanto à sua presença na evolução.
Mas o historiador Costa Pinto bem podia ser mais rigoroso e limitar-se a constatar
que, na História portuguesa, e até por causa da evolução
que gerou, o 25 de Abril é uma revolução.