Intervenção de João Pimenta Lopes no Parlamento Europeu

O transporte e gestão de resíduos exige a defesa do interesse público sobre o lucro no debate sobre “Transferências de resíduos”

Sejamos claros, esta discussão ocorre menos para salvaguardar os interesses dos povos e do ambiente, mais para salvaguardar os interesses de alguns, poucos, que veem no negócio do lixo um caminho para encher ainda mais os bolsos.

Um mercado de dezenas de milhares de milhões de euros que as políticas ditas verdes da UE privilegiam e buscam ampliar!

Restringir exportações ao que tenha menos potencial económico, manter a acumulação de lucro no mercado interno, crescentes condicionalidades e interferência sobre países terceiros.

Retirar competências aos Estados, interferindo na na gestão de resíduos em função dos seus interesses, centralizando-as na Comissão Europeia.

É a liberalização deste mercado que move e onde se centra a proposta, ignorando os limites e ineficácia da gestão privada dos resíduos, mas altamente eficaz na maximização de lucros.

É o lucro e não as necessidades reais - também do ponto de vista ambiental - que determinam que parte significativa dos resíduos sejam directamente transferidos para aterro, com baixa valorização multimaterial, sem privilegiar a reutilização ou reciclagem.

Paradigma que só pode ser alterado com uma adequada regulação e reforçando a dimensão pública na gestão de resíduos.

Uma última nota.
Falamos do fim de linha, mas não do caminho.

A responsabilização das empresas na escolha de materiais, no aumento da durabilidade. O combate à obsolescência programada. A não transferência dos custos para as populações deste mercado e dos lucros que querem assegurar a alguns.

Preocupações não por acaso ausentes desta proposta.

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