Pergunta ao Governo N.º 234/XI/2

Tentativa de Golpe de Estado no Equador

Tentativa de Golpe de Estado no Equador

No dia 30 de Setembro houve uma tentativa de golpe de estado no Equador, protagonizado
por sectores da polícia nacional instrumentalizados por forças de direita ligadas a Lucio
Gutiérrez, ex-presidente, tendo sido divulgadas suspeitas de conexões dos golpistas com
forças inteligência estrangeiras. O Presidente Rafael Correa disponibilizou-se para dialogar
com a polícia para abordar aspectos que lhes dizem respeito, tendo sido agredido com gás
lacrimogéneo e sequestrado durante 12h no Hospital Metropolitano da Políciade Quito.
Foram ocupados diversos equipamentos públicos nomeadamente o Aerorpoto e a Televisão
Pública. Entretanto o povo equatoriano mobilizou-se na defesa da legitimidade do Governo,
exigindo a libertação do Presidente Rafael Correa. A presença massiva do povo na rua foi
determinante para o recuo das forças reaccionárias e restituir as funções ao Presidente Rafael
Correa.
Tal como ocorreu nas Honduras, estes actos configuram uma clara tentativa de desrespeito
pela Constituição do Equador, pela democracia e o Estado de direito no Equador. O próprio
presidente Rafael Correa, assim como muitos outros chefes de Estado de Paísesda região
reconhecem nos acontecimentos verificados uma tentativa de Golpe de Estado.
O Governo Português deve condenar a tentativa de Golpe de Estado, à semelhança da atitude
assumida por outros países,como a Espanhaou a França;deve claramente condenar o ataque
à legitimidade do Governo do Equador, eleito pelo povo equatoriano, condenar o atentado à
integridade física do presidente Rafael Correa, assim como o seu sequestro, o ataque à
democracia e à liberdade. O povo equatoriano é soberano para decidir o rumo que pretende
para o seu país.
Ao abrigo do disposto na alínea d) do Artigo 156.2 da Constituição da República Portuguesa e
em aplicação da alínea d), do n.2 1 do artigo 4.2 do Regimento da Assembleia da República,
solicitamos ao Governo, que por intermédio do Ministério dos Negócios Estrangeiros, nos
sejam prestados os seguintes esclarecimentos:
1. Qual a posição do Governo Português relativamente à tentativa de Golpe de Estado no
Equador?
2. Porque motivo o Governo português não manifestou pronta e publicamente uma
posição sobre os acontecimentos, como outros países, a Espanha ou a França,
fizeram?
3. Vai o Governo Português condenar os actos de ataque à democracia, à liberdade e à
legitimidade do Governo, eleito pelo povo equatoriano e prestar solidariedade ao
legítimo governo do Equador, saudando o povo que nas ruas defendeu corajosamente
a democracia e a legalidade constitucional neste País?

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