Senhor Ministro,
Falemos da vida e dos problemas concretos das pessoas. Pessoas que vivem autênticas odisseias diárias na área metropolitana de Lisboa para fazerem as suas deslocações nos transportes. Pessoas que chegam aos terminais fluviais de Cacilhas, do Seixal, do Barreiro, ou outros, e não raro vêem as ligações suprimidas. Que chegam ao Metro e, em plena hora de ponta, esperam mais de 12 minutos e depois ainda vão como sardinha em lata. E a pergunta que deixamos é porquê, senhor Ministro, porquê?
E a resposta não é para nós, PCP. É para as pessoas que todos os dias vivem este inferno. Porque é que, em Janeiro, a Soflusa tinha duas embarcações no estaleiro há mais de dois meses? Porque é que a Transtejo tinha 9 embarcações operacionais e 10 paralisadas? Porque é que o S. Jorge anda de um lado para o outro a fazer piscinas e a colmatar as 1001 falhas que vão acontecendo? E quanto aos 17 milhões anunciados para aquisição de embarcações, para quando e com que prioridades de serviço isso será feito? E até lá, que resposta vai ser dada às populações?
Porque é que demora o Governo a autorizar contratações para o reforço do quadro de trabalhadores do Metropolitano? Porque preferiu, conforme bem lembrou o meu camarada Bruno Dias, o recurso a uma empresa externa para a área da manutenção, o que implica um pagamento muito mais elevado a esta empresa - que mais não faz do apenas colocar lá os trabalhadores e não presta serviço algum - do que os custos que suportaria contratando directamente os trabalhadores?
E porque é que tudo isto acontece quando foi aprovada em Orçamento do Estado para 2018 uma proposta do PCP que garante que as empresas públicas têm assegurada a autonomia administrativa e financeira para a execução do orçamento para contratação de trabalhadores, para manutenção e para o cumprimento dos requisitos de segurança da actividade operacional?
Outra matéria incontornável é esta coisa da Linha Circular do Metro de Lisboa. A transformação das linhas verde e amarela num carrossel entre o Campo Grande e o Cais do Sodré, com redução da linha amarela à ligação Telheiras/Odivelas é um desperdício de recursos significativos numa obra que pouco ou nada acrescenta à rede de Metropolitano e à oferta para os utentes. É uma má opção estratégica. É uma má opção técnica. É uma má opção financeira. E, claro, vai adiar uma vez mais a prioridade que devia ser dada à expansão para a Zona Ocidental e para Loures.
O PCP defende que é urgente mudar esta situação. Têm de ser desbloqueados os investimentos mais urgentes na infraestrutura e equipamentos e na contratação de trabalhadores. Tem de haver uma redução imediata e significativa dos preços dos transportes e um alargamento da oferta, com qualidade. É urgente o alargamento do Passe Social Intermodal a toda a área metropolitana, enquanto título válido em todos os operadores de transporte colectivo, públicos e privados.
As respostas que queremos e as soluções urgentes são para as pessoas, para os utentes, senhor Ministro. Utentes do Metro que estão há um mês com acções diárias de protesto e luta, que vão estar em protesto hoje na Estação de Metro do Rato às cinco da tarde. Utentes da Transtejo e Soflusa que entregaram há dias uma petição com mais de 4 mil assinaturas em defesa de um melhor serviço fluvial. Utentes que há demasiado tempo esperam respostas concretas aos problemas que vivem todos os dias.