A Conferência Internacional «Palestina: Cem anos de resistência», realizada em Tunes (Tunísia) de 24 a 26 de Março, promovida pelo Fórum da Esquerda Árabe, contou com a participação de duas dezenas de partidos comunistas, entre os quais o PCP, e outras organizações progressistas de países árabes, bem como de representantes de partidos e organizações da Europa, África e América Latina.
A Conferência visou reafirmar a solidariedade com o povo palestiniano e a sua luta por uma Palestina independente, um século após a Declaração Balfour, em que a Inglaterra prometeu aos sionistas a criação de um «lar nacional judaico» na Palestina, abrindo assim caminho à instalação no seu território do Estado de Israel, o que conduziu à expulsão de 700 000 palestinianos e à destruição de centenas de aldeias, e posteriormente à ocupação sionista de toda a Palestina histórica.
A Declaração Balfour e o Acordo Sykes-Picot de 1916, que previa a partilha do Médio Oriente entre a Inglaterra e a França, marcam o início de um século de intervenção imperialista na região.
No quadro actual, caracterizado pela continuação da violenta ingerência imperialista, com guerras de agressão e a tentativa de redesenhar o mapa da região, criando um «Novo Médio Oriente», assume grande importância o facto de a Conferência ter reafirmado que a causa palestiniana permanece a causa central da luta das forças de esquerda e progressistas da região, rejeitando assim a tentativa de substituir a luta de natureza política da causa de libertação nacional do povo palestiniano contra o sionismo e o imperialismo por conflitos de carácter étnico ou religioso artificialmente criados, que mais não visam do que desviar a atenção dos povos dos seus verdadeiros inimigos. Enquanto Israel permanece um instrumento privilegiado da acção imperialista na região, o povo palestiniano, expulso do seu país e expropriado da sua terra, é ainda obrigado a prosseguir a sua luta pela justiça e pela criação de um Estado independente.
Na sua intervenção o PCP manifestou a sua solidariedade de sempre «para com o povo palestiniano. as forças políticas do seu movimento de libertação nacional e a sua luta heróica pelos direitos inalienáveis do povo palestiniano: o direito à edificação do estado da Palestina livre, independente, soberano e viável nas fronteiras anteriores a 1967 e com capital em Jerusalém-Leste, bem como o direito ao regresso dos milhões de refugiados palestinianos (e seus descendentes), como estipula a Resolução 194 do Conselho de Segurança da ONU». Recordando que o PCP «foi sempre coerente com os seus ideais, na sua oposição frontal às guerras, ingerências e operações de desestabilização promovidas pelo imperialismo, seja no Médio Oriente, seja no Norte de África, seja noutras regiões do nosso planeta», a intervenção identifica na natureza do sistema capitalista as causas de fundo dessas agressões e não hesita em salientar o papel central que a social-democracia e outras forças que falsamente se auto-intitulam «progressistas» desempenharam na condução e na «legitimação» das agressões.