Sobre as últimas previsões do Governo e os dados do INE
Com pelo menos 4 meses de atraso o Governo reconhece que a sua previsão sobre a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 está muito aquém da realidade e vem agora reconhecer o erro corrigindo as suas previsões para a evolução do PIB em 2009.
Hoje mesmo, o INE publicou as suas estimativas rápidas referentes à evolução do PIB no 1º Trimestre. Estes dados confirmam a profunda recessão em que a nossa economia está mergulhada, com uma diminuição do PIB de 3,7% em termos homólogos. Com esta evolução, as receitas e despesas do Estado previstas no Orçamento de Estado vão baixar consideravelmente em relação ao previsto inicialmente e as suas Despesas, nomeadamente no apoio às famílias e às empresas vão ter que subir, pelo que se exige da parte do Governo a apresentação imediata de um Orçamento Rectificativo.
Quatro anos depois deste Governo ter tomado posse, aí estão os dados da evolução do emprego e do desemprego. Agora sim comparáveis, já que comparamos os dados do emprego e do desemprego no 1º trimestre de 2005 e no 1º trimestre de 2009. Os números não enganam e não permitem demagogia ou mistificações.
Quatro anos depois da anunciada e repetida promessa do Governo da criação de 150 mil empregos aí está realidade para claramente a desmentir: o mesmo nº de empregos de 2005 e mais 83 200 trabalhadores no desemprego. O Governo e a sua política, não só não criou o emprego que prometeu como mandou para o desemprego mais pelo menos cerca de 85 mil trabalhadores.
Os desempregados são hoje 495 800, que correspondem a uma taxa de desemprego de 8,9%. Em termos latos, isto é, incluindo os inactivos disponíveis e o subemprego visível no final do 1º trimestre deste ano tínhamos 624 300 desempregados, o que corresponde a uma taxa de desemprego de 11%. Só nos últimos 12 meses 68 800 trabalhadores perderam o seu emprego ou seja mais 16,1%. E nos últimos 4 anos foram 83 200 o nº de trabalhadores que perderam o seu emprego.
Com este Governo o desemprego bateu todos os recordes, quer em percentagem, quer em número absoluto. Esta é a maior taxa e o maior nº de desempregados desde o 25 de Abril. Este recorde lamentável já ninguém tira ao actual Governo, a que se soma o facto de pelo menos cerca de 200 mil trabalhadores não receberem hoje subsídio de desemprego ou subsídio social de desemprego.
Não é mais possível o Governo meter a cabeça na areia. Exige-se que se reduza o prazo para que um trabalhador tenha direito a subsídio de desemprego, para 180 dias de trabalho, que se encontrem outras formas de apoio social para todos os desempregados que nem 180 dias de trabalho têm e, que se aumente a possibilidade de acesso ao subsídio social de desemprego, bem como o seu montante que hoje é apenas de 252 euros.
Os trabalhadores portugueses não aceitam que para salvação dos Bancos, o Governo não olhe a meios e, para apoio daqueles que vítimas da sua política neoliberal caíram no desemprego, se recuse a alterar uma lei injusta que os penaliza. São vítimas desta situação note-se, em especial os jovens e as mulheres, cujas taxas de desemprego atingem hoje os 20,1% e os 9,7% respectivamente.
Um Governo exclusivamente preocupado com a Banca, cujos cinco principais Bancos acumularam no 1º trimestre 533 milhões de lucros, mas distante do drama que atinge mais de 600 mil trabalhadores que estão sem emprego. Fraca consolação a de quem, para esconder o fracasso das suas políticas e a incapacidade para resolver os problemas do país, procura comparações com países mais ricos e que nos últimos anos cresceram substancialmente mais que o nosso, tenham agora apresentado valores piores que o nosso.
Estes números mostram que o Governo não tem solução para os problemas do país. Mais do que nunca é necessário e urgente uma ruptura com esta política.
Como há muito temos defendido é urgente a defesa do nosso aparelho produtivo, o alargamento do investimento público, medidas concretas de apoio às pequenas e médias empresas, aumento dos salários e pensões de forma a melhorar as condições de vida das populações e estimular o mercado interno.
É este caminho e soluções, e não aquele em que o governo persiste que pode dar resposta aos problemas nacionais e assegurar um Portugal com futuro e uma vida melhor aos trabalhadores e ao Povo.