Intervenção de Bruno Dias na Assembleia de República

Sobre a situação do Metropolitano de Lisboa

Sr. Presidente,
Sr.as e Srs. Deputados,

Em primeiro lugar, quero sublinhar e valorizar a importante e oportuna decisão do Partido Ecologista «Os Verdes» de agendar este debate sobre a Metropolitano de Lisboa, o seu serviço e funcionamento, o investimento e medidas necessárias, a partir de uma abordagem muito concreta mas também muito sentida pelos utentes e populações no seu dia-a-dia e que, de resto, motivou a apresentação de outras iniciativas de outros partidos.

É uma discussão necessária sobre medidas que os utentes da Metropolitano vêm reclamando há muito tempo e é caso para dizer que já ontem era tarde.

Na estação de Arroios não chegam apenas três carruagens, quatro cabem lá e já há muito tempo que deveriam estar a funcionar, já se deveria ter avançado há muito para o reforço das composições ao serviço em particular na Linha Verde, mas essa questão é indissociável dos graves problemas e insuficiências na manutenção e na operação causadas pelo anterior Governo PSD/CDS e que ainda estão por ultrapassar.

Por outro lado, não podemos deixar de denunciar a hipocrisia política de quem provocou esses mesmos problemas operacionais e agora exige respostas e soluções, mesmo não fazendo a mínima ideia do que está a acontecer.

Srs. Deputados do PSD, informem-se melhor sobre o problema da circulação alternada à hora de ponta na Linha Azul para apresentarem propostas e, já agora, peçam desculpa às pessoas por terem mantido, no anterior Governo, durante quatro anos, a obra da ligação à Reboleira parada, quando estava praticamente concluída, à espera do negócio da privatização para abrir as portas, como foi a vossa operação na altura.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, a nossa proposta é que os textos dos vários projetos apresentados pelos vários partidos neste debate sejam objeto de um trabalho de aperfeiçoamento e conjugação para que a Assembleia da República possa aprovar o texto mais correto e adequado em relação a esta matéria.

Esta discussão realiza-se numa altura em que o Governo anuncia opções para a rede de metropolitano que merecem a discordância do PCP e que devem ser devidamente debatidas, aliás, nos termos da lei, com as autarquias e outras entidades, algo que não foi feito, e é conhecida a posição e as propostas do PCP sobre o desenvolvimento e a melhoria da qualidade do serviço do metropolitano.

Acima de tudo, é indispensável investir de forma efetiva e séria na criação dos meios necessários para que a empresa dê resposta às necessidades no plano material mas também humano.

É preciso reforçar a empresa com mais maquinistas, mas atenção que eles não são contratados externamente, teremos de rever o ponto 1 da proposta do Bloco de Esquerda sobre a formação de maquinista, eles são formados na Metropolitano, e 30 não vão chegar para o futuro.

É preciso mais pessoal em todas as áreas da empresa. São precisos trabalhadores para a manutenção e reparação de material circulante, para a reparação da via, agentes de tráfego, operadores comerciais, revisores.

A empresa está, neste momento, numa situação limite e é preciso tomar medidas muito rapidamente, de forma efetiva e séria, para responder aos problemas que têm sido apontados devida e oportunamente pelos trabalhadores, pelos utentes e pelo PCP, ao longo de muito tempo, aqui, na Assembleia da República.

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