Pergunta ao Governo N.º 635/XII/3

Sobre a situação do Centro Hospitalar de Setúbal

Sobre a situação do Centro Hospitalar de Setúbal

As medidas impostas pelo Governo dificultam o funcionamento do Centro Hospitalar de Setúbal e por conseguinte a prestação dos cuidados de saúde. Há enormes preocupações quanto às valências e serviços que permanecerão no centro hospitalar, na sequência da reorganização hospitalar que o Governo pretende implementar. As recentes alterações nas urgências são já
um indício do que pode estar para vir.
Relativamente ao serviço de urgências do Hospital de Setúbal, o Distrito Médico de Setúbal da Ordem dos Médicos constatou o seguinte:
- A sobrelotação das estruturas existentes para acolher os doentes em ambulatório e no internamento;
- A contratação de profissionais por empresas de trabalho temporário para o desempenho de funções, sem hierarquia e sem conhecimento do serviço, conduziu à quebra do conceito de equipa de urgência;
- após o novo modelo de urgência na Área Metropolitana, o especialista de neurologia está apenas disponível para a via verde do AVC contrariamente ao que anteriormente acontecia, limitando a oferta de cuidados especializados;
- Após as 21h não há especialistas de urologia, otorrinolaringologia, oftalmologia, psiquiatria, gastroenterologia, cirurgia cardíaca, pediatria, pneumologia e cirurgia plástica e reconstrutiva, o que implica a transferência de doentes com patologia urgente destes foros para Lisboa;
- na área da psiquiatria antes da denúncia da Distrito Médico, um doente do foro psiquiátrico que entrasse no hospital à sexta-feira após as 20h ficava sem tratamento especializado até às 9h de segunda-feira. Entretanto foi colocado um psiquiatra no domingo entre as 9h e as 13h, o que ainda assim é verdadeiramente insuficiente. Contrariamente ao Governo disse, os doentes são transferidos para Lisboa;- Falta de condições para a prática médica com o mínimo de qualidade, o que é desmotivador
para os profissionais.
O Centro Hospitalar de Setúbal abrange atualmente para além do Concelho de Setúbal e Palmela, o Concelho de Sesimbra, o que corresponde a mais de 50 mil utentes. Apesar desta alteração da área de abrangência, verifica-se uma redução na capacidade do serviço de urgência.
Ao abrigo das disposições legais e regimentais aplicáveis, solicitamos ao Governo que por intermédio do Ministério da Saúde, nos sejam prestados os seguintes esclarecimentos:
1.Qual a perspetiva do Governo para o futuro do Centro Hospitalar de Setúbal? Que valências se prevê que venha a ter?
2.Que medidas pretende o Governo tomar para assegurar o funcionamento adequado do serviço de urgência, incluindo a dotação de meios técnicos e humanos?

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