Os resultados eleitorais do passado domingo, criaram uma situação ainda mais favorável ao grande capital e à intensificação da política de direita.
Os cerca de três milhões de votos que se concentraram nos partidos de direita constitui um elemento negativo para o País e acima de tudo para os trabalhadores e o povo.
Um voto assente na demagogia, na mentira e na ilusão, que arrastou e enganou milhares para a falsa ideia da mudança, essa mudança que de facto se exige, mas que não virá pelas mãos de PSD, CDS, IL e Chega.
Desses partidos, a única mudança que virá é mais favorecimento dos interesses dos grupos económicos, são mais ataques aos serviços públicos, é a continuação e acentuação do desmantelamento do SNS e da Escola Pública, é o ataque ao regime democrático.
Dessas forças, comprometidas que estão ao serviço dos grupos económicos, não virão respostas às questões centrais que os trabalhadores e as populações enfrentam: salários, reformas e pensões, saúde, habitação, direitos dos pais e das crianças.
Dessas forças só se pode esperar mais injustiça e mais desigualdade.
Mesmo que o procurem iludir com este ou aquele anúncio tácito, com esta ou aquela medida pontual que não põe em causa os interesses dos grupos económicos e os seus propósitos de exploração e de acumulação de lucros.
Para lá de manobras e aparentes discordâncias entre PSD, CDS, IL e Chega, no que é central e decisivo para os interesses e objectivos do grande capital, lá serão encontradas as convergências necessárias para tentar levar por diante esses objectivos.
Aliás, como o PCP alertou durante a campanha, o número de deputados ao serviço dos interesses dos grupos económicos aumentou consideravelmente no seguimento das eleições.
Chegamos a uma situação da qual o PS não pode deixar de ser responsabilizado, desde logo porque, com tudo na mão, uma maioria, um governo e condições financeiras, não respondeu aos problemas centrais da vida dos que vivem e trabalham no País, e, ao não fazê-lo, aumentou a justa indignação e sentimento de injustiça.
O PS optou, isso sim, por responder aos interesses dos grupos económicos e, em particular nos últimos dois anos, o PS não desperdiçou nenhuma oportunidade de alimentar e se alimentar das forças mais reaccionárias.
Os resultados destas opções do PS estão à vista, com as consequências que se conhecem e se sentem na vida de todos os dias.
Face à previsível formação do governo pelo PSD e para lá das simuladas discordâncias de outros, o PCP reafirma, em coerência com o que sempre afirmou, que dará, desde o primeiro minuto, combate à política de direita e aos projectos reaccionários que se procuram afirmar, e vai fazê-lo utilizando todos os meios ao seu dispor para esse combate.
Não será pelo PCP que o projecto da direita será implementado.
O PCP tomará desde já a iniciativa, respondendo desde logo aos compromissos assumidos e às necessidades que se colocam de imediato à vida dos trabalhadores e do povo.
Tomará a iniciativa pelo aumento geral dos salários e garantir que, em 2024, nenhum trabalhador ganhe menos de mil euros de salário; pelo aumento extraordinário das reformas e pensões; por respeitar, valorizar os trabalhadores, fixar profissionais no SNS; para repor o tempo de serviço ao professores e pôr fim à precariedade nas escolas; para fixar preços de bens alimentares e baixar o IVA na electricidade, telecomunicações e gás; para avançar com a norma travão ao aumento das rendas e pôr os lucros da banca a suportar os aumentos das taxas de juro; para dar combate às privatizações, à corrupção e às injustiças; para defender o cumprimento da Constituição da República.
Os problemas que os trabalhadores e o povo enfrentavam na sua vida, até dia 9 de Março, não se resolveram no dia 10 com as eleições, os problemas estão aí todos e todos precisam de resposta imediata.
É a essa instabilidade na vida que é preciso pôr fim, é essa instabilidade e só essa que precisa de resposta.
O resultado eleitoral obtido pela CDU, traduzindo um elemento negativo, é em si mesmo um sinal de resistência.
É com a força do povo, é com os mais de 200 mil votos e os 4 deputados eleitos que estaremos como sempre, junto dos trabalhadores e do povo.
É com o PCP que, como sempre, todos eles contarão passadas que estão estas eleições, para defender os seus direitos.
Tomar iniciativa e estar onde é preciso estar, é esta a determinação do PCP, uma determinação acrescida face à experiência da campanha eleitoral, uma campanha de contacto levada a cabo por milhares de activistas da CDU, militantes do PCP, do PEV, e muitas e muitas pessoas sem filiação partidária que se juntaram e construiram a pulso o resultado da CDU.
Uma dedicação e militância extraordinárias com destaque para a participação juvenil e a forma alegre, empenhada, criativa e determinada como se envolveram na campanha eleitoral.
O Comité Central do PCP, a par da análise em todo o Partido dos resultados eleitorais, decidiu levar por diante uma jornada de contacto com os trabalhadores e a população entre os dias 21 e 24 de Março.
Foi ainda sublinhada a importância e o significado da luta dos trabalhadores, das populações e de diversas camadas e sectores, uma luta que é determinante para a real mudança que se exige.
A mudança pelos salários, os direitos, as condições de vida, a mudança pela soberania e justiça social, a mudança que retome o trilho de Abril, das suas conquistas e valores.
Essa mudança que se exige em cada luta nas empresas e sectores, como as muitas que estão em curso.
O PCP apela à participação dos trabalhadores e do povo em todas as lutas pelos seus direitos e pela vida melhor a que tem direito.
As comemorações populares em preparação do 25 de Abril, serão um grande momento de afirmação das conquistas, valores e do projecto de futuro que é o 25 de Abril.
Comemorações populares para as quais o PCP apela a uma massiva participação e demonstração de Abril.
Um apelo que se estende à construção e participação na jornada do 1.º Maio, constituindo grandes acções de afirmação das justas reivindicações dos trabalhadores e da necessária mudança que se impõe.
Essa exigência de mudança, que terá de ter expressão também nas eleições para o Parlamento Europeu, é uma oportunidade de, com o voto na CDU, afirmar o caminho necessário para o País e para a Europa.
O caminho da melhoria das condições de vida, do desenvolvimento, progresso social, paz e cooperação entre os povos.
A mudança que se exige é a de um ciclo novo que a Revolução de Abril abriu.
É esse ciclo que tem de ser retomado.
É para este caminho novo, para este caminho patriótico e de esquerda, é para este ciclo novo que o PCP apela aos democratas, aos patriotas, aos que cá vivem e trabalham, que apela a todos para que se mobilizem para construir a alternativa que se impõe.
Uma acção e mobilização em torno das soluções concretas que se impõem a favor de quem trabalha e do povo, uma acção que se impõe e que faça frente aos interesses dos que se acham donos disto tudo, uma acção que convirja na defesa do regime democrático e no cumprimento da Constituição da República.
As circunstâncias de intervenção face aos resultados eleitorais são necessariamente mais exigentes, mas a juventude, os democratas, os patriotas, todos os que cá vivem e trabalham, sabem que contam sempre com o PCP.