Declaração de Paulo Raimundo, Secretário-Geral, Conferência de Imprensa

Sobre os resultados das Eleições Legislativas de 2024

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Nesta campanha eleitoral, nesta caminhada por uma vida melhor, afirmámos a CDU, constituída pelo Partido Comunista Português, pelo Partido Ecologista os Verdes, pela Associação Intervenção Democrática e por muitos outros democratas, cidadãos sem filiação partidária, como força de palavra, de dignidade e de confiança.

Saudamos os activistas da CDU que fizeram desta campanha eleitoral uma notável jornada de defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo, e dos valores de Abril.

Uma referência particular aos muitos jovens que participaram nesta campanha da CDU e lhe emprestaram a alegria, a energia, a criatividade próprias da juventude.

A todos uma palavra de reconhecimento pela entrega que vai muito para lá deste acto eleitoral.

O resultado obtido pela AD nestas eleições constitui um factor negativo para a resposta e solução de problemas com que os trabalhadores e o povo se confrontam, facilitando o caminho de retrocesso e de ataque a direitos e favorecimento do grande capital que marca o percurso de sempre de PSD e CDS e potenciando riscos sérios de empobrecimento democrático, já latentes em dimensões várias da vida nacional. 

Num quadro em que a discussão e desfecho sobre eventuais acordos, seja com a IL ou o Chega, preencherão o debate mediático, queremos desde já sublinhar, que essa discussão não deve iludir o que o projecto da AD, e em concreto os programas do PSD e do CDS, constituem por si só. Um projecto de ataque a direitos dos trabalhadores e agravamento das condições de vida do povo, aos salários e às pensões, de degradação de serviços públicos, de privatizações e tentativa de destruição de funções sociais do Estado em nome do negócio privado em áreas como as da saúde, educação, protecção social ou habitação.

Objectivos que, correspondendo à agenda do grande capital, visam a ofensiva contra o regime democrático, as instituições e a própria Constituição.

O resultado agora obtido pela AD é inseparável das opções da governação do PS. A promoção da política de direita, ao longo destes últimos anos, e de forma particular a sua imposição pela maioria absoluta, com o que gerou de injustiças e legítimo descontentamento e insatisfação face ao acumular de dificuldades por parte dos trabalhadores e do povo, favoreceu o discurso demagógico, nomeadamente do Chega. A ausência de respostas a problemas cruciais foi aproveitada para esconder a acção passada de PSD e CDS e os seus projectos para a retomar agora.

O resultado da CDU, com a redução da sua representação parlamentar e uma percentagem abaixo de há dois anos, significa um desenvolvimento negativo, mas não deixa de constituir uma expressão de resistência com tanto mais valor e significado quanto a sua construção teve de enfrentar um prolongado enquadramento caracterizado pela hostilidade e menorização, pela prolongada falsificação de posicionamentos do PCP para alimentar preconceitos anti-comunistas e estreitar o seu espaço de crescimento, pela promoção de forças e concepções reaccionárias e de uma forjada disputa entre dois candidatos a primeiro-ministro com o objectivo de reduzir a escolha a opções semelhantes e de esconder soluções e política alternativas.

Os trabalhadores e o povo podem contar com a CDU com a coragem de sempre, para defender os seus direitos, enfrentar os interesses dos grupos económicos e das multinacionais, afirmar os valores de Abril e o que eles transportam de referência para a construção de um Portugal de progresso e soberano.

Saudamos todos os que depositaram a sua confiança e o seu voto na CDU, os que sempre votaram na CDU e sabem que nunca tiveram razões para se arrepender, os que em algum momento deixaram de votar na CDU e agora regressam, os que pela primeira confiaram o seu voto na CDU.

A todos eles e ao povo português, aqui estamos para dizer o mesmo que dissemos na campanha eleitoral.

Podem os trabalhadores e o povo contar com iniciativa e intervenção da CDU para dar resposta e solução aos problemas. Salários, pensões, habitação, saúde, direitos das crianças e dos pais, das mulheres, da juventude, o ambiente e a conservação da natureza, a Paz, serão alguns dos compromissos que levaremos da campanha eleitoral para a Assembleia da República.

Iniciativa e intervenção para, desde a primeira hora, enfrentar a política de direita e os seus promotores, dar combate aos projectos reaccionários, defender a liberdade e a democracia.

Iniciativa e intervenção para impulsionar a convergência necessária para dar corpo à política alternativa, afirmando o seu próprio projecto político, determinado por opções claras de ruptura com a política de direita, de confronto com os interesses do grande capital, de defesa da soberania nacional, de retoma dos valores, conquistas e direitos que Abril consagrou.

Iniciativa e intervenção para levar mais longe a luta dos trabalhadores e do povo que hoje, como sempre, se constitui como factor decisivo de resistência, transformação e avanço.

Aqui está, para o que der e vier, com a coragem de sempre, esta força de Abril, para enfrentar, construir, avançar.

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