Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Sobre os dados do Comércio Externo de Mercadorias no 1º semestre do ano

Sobre os dados do Comércio Externo de Mercadorias no 1º semestre do ano

O discurso do Governo do bom comportamento da nossa Balança Comercial, é um discurso simplista, retrógrado e sem credibilidade, que explora a evolução conjuntural do saldo da Balança de Mercadorias, ignorando a evolução desagregada das exportações e das importações, a evolução da actividade económica no nosso país e a profunda recessão em que estamos mergulhados, com mais de 1 milhão e 200 mil desempregados, um desemprego jovem que ultrapassa os 36% e com mais de 2 milhões e meio de portugueses em risco de pobreza e exclusão social.

As exportações que cresceram nos primeiros seis meses do ano 9,1%, registaram uma forte desaceleração do 1º para o 2º trimestre – baixaram de 11,5% para 6,8% - e esse crescimento assentou fundamentalmente na exportação de produtos refinados de combustíveis minerais (de fraco valor acrescentado nacional) e na venda de ouro e outros metais preciosos (empobrecendo o país), que cresceram respectivamente 42,5% e 78,9%. Acréscimo das exportações que induziu um acréscimo na importação de combustíveis minerais de mais 800 milhões de euros e agravou a nossa dependência energética que representa já cerca de 21% do total das nossas importações.

As importações que caíram no 1º semestre -5,4% não reflectem qualquer substituição de importações por produção nacional, são sim o reflexo da profunda recessão em que o nosso país está mergulhado e consequentemente da descida abrupta do consumo das famílias e do investimento.

Para o PCP, o equilíbrio da balança comercial não pode ser o resultado do definhamento do aparelho produtivo nacional, do empobrecimento do povo português e da alienação dos nossos recursos humanos, naturais e materiais. Esse equilíbrio deve resultar de uma política económica que valorize a produção nacional e a substituição de importações por essa mesma produção, a plena utilização dos recursos nacionais humanos e materiais, a promoção de exportações de forte valor acrescentado e a sua diversificação por diferentes regiões do mundo.

O PCP reafirma uma vez mais que só com a rejeição do Pacto de Agressão, só com a ruptura com a política de direita, só libertando o país dos interesses do grande capital, Portugal poderá ter futuro. O país precisa de uma política patriótica e de esquerda, garantindo o crescimento económico, a melhoria das condições de vida do povo português, a redução da dependência externa e a afirmação da soberania nacional. Para a construção desse caminho, o povo e os trabalhadores portugueses podem contar com o PCP.

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