Intervenção de João Ferreira no Parlamento Europeu

Sobre as medidas anunciadas pela Comissão Europeia relativas aos mercados financeiros

Se fossem ainda necessárias evidências da autêntica “fuga em frente” que a União Europeia está a fazer, perante as consequências da profunda crise que ajudou a criar, a Comissão acaba de nos dar mais um claro sinal.

Depois do descalabro provocado pela rédea solta à especulação financeira, depois de meses, anos já, de inacção e de promessas quanto às medidas a impor aos mercados financeiros, a confirmação chegou esta semana: no essencial, tudo vai continuar como até aqui.

Numa altura em que não é ainda conhecida a verdadeira dimensão do “lixo tóxico” que contamina o sector financeiro, a mensagem da Comissão é clara, mesmo se embrulhada na retórica da “maior segurança e transparência”: a especulação financeira é para continuar, os seus principais instrumentos são para continuar – derivados, vendas a descoberto, swaps ou CDS. Os "lixos tóxicos" são para continuar.

São para continuar os paraísos fiscais, sobre os quais repousa agora um silêncio de chumbo, depois do alarido e das promessas vãs sobre o seu fim.

Tudo isto a contrastar com a prontidão e violência com que foram impostos pesados sacrifícios aos trabalhadores e aos povos, chamados que foram a suportar os desmandos do capital financeiro.

A resposta aí está: em Portugal, França, Grécia, Espanha, por toda a Europa, os povos erguem-se e lutam contra a profunda regressão social que a UE lhes quer impor!

  • Assuntos e Sectores Sociais
  • Economia e Aparelho Produtivo
  • Trabalhadores
  • União Europeia
  • Intervenções