Intervenção de Paula Santos na Assembleia de República, Reunião Plenária

Sobre a Jornada Mundial da Juventude

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A Jornada Mundial da Juventude é um evento cuja dimensão transcende a sua própria natureza, indo muito para além do seu carácter religioso.

Espera-se a presença de centenas de milhar de jovens no País na Jornada Mundial da Juventude, respondendo ao apelo da “construção de um mundo mais justo e solidário”. 

Elemento relevante, quando a Jornada se realiza num quadro de agudização de tensões no plano internacional, com a escalada da guerra e a corrida aos armamentos, de aprofundamento das desigualdades e das injustiças que afetam os povos, de populações que fogem da miséria, de agravamento da exploração dos trabalhadores, da predação da natureza e dos recursos naturais.

O encontro entre os jovens das diversas partes do mundo constitui também uma oportunidade para dar mais força à exigência do fim de todas as guerras, ao direito dos povos à autodeterminação e a escolherem os seus caminhos, à exigência do direito à educação, ao emprego com direitos, à saúde, a uma habitação condigna, por um ambiente sadio.

Independentemente do local do globo de onde venham são todos bem-vindos, porque a igualdade e o combate a todas as discriminações, ao racismo e à xenofobia, são valores a projetar.

A realização de um evento com esta dimensão exige que sejam adotadas todas as medidas para assegurar aos participantes na Jornada condições de alojamento e mobilidade e às populações que residem e trabalham na região de Lisboa e Vale do Tejo condições de vida e de trabalho durante esse período.

Muito tem sido dito a propósito da organização desta Jornada. Preocupações quanto a atrasos, ou quanto a despesas excessivas, que oportunamente considerámos que os valores deveriam ser reduzidos e que as infraestruturas a criar, deveriam ser projetadas e construídas de forma a poderem ser utilizadas em futuras iniciativas. 

As questões que estão colocadas em eventos de grande dimensão, demonstram as fragilidades e carências, em particular na Área Metropolitana de Lisboa, que exigem a sua superação estrutural e permanente.

Alojamento, saúde, segurança, proteção civil, transportes, higiene urbana e limpeza, são aspetos concretos que não podem ser descurados. As dificuldades, os atrasos, o desconhecimento do planeamento, a falta de informação, introduz dúvida, incerteza, receio e é geradora de desconfiança junto da população.

Obviamente que é motivo de apreensão estarmos a menos de um mês da realização da Jornada Mundial da Juventude e ainda não ser do conhecimento público como será a organização dos transportes e a mobilidade. 

A falta de resposta atempada do Governo contribui para alimentar a ideia do caos e de impreparação do País. Por isso, Sra. Ministra, importa que neste debate na Assembleia da República, sejam prestadas as informações no plano da saúde e do socorro, da segurança e da proteção civil, dos transportes e da mobilidade, o que está previsto para o necessário reforço dos transportes públicos, quanto a carreiras e horários? Que meios estão a ser mobilizados para assegurar o bom acolhimento de quem nos visita, mas também para garantir as condições de vida e de trabalho à população?

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